95 Teses de Lutero - Ό JUSTO
VIVERÁ PELA FÉ'
Efésios 2.8 “Porque pela graça sois
salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.”
"Tão logo a moeda
no cofre ressoa, a alma sai do purgatório."
Estas 95 Teses estão, aqui, em
nosso site na página de Doutrinas. Publiquei ontem, como post no meu perfil Facebook.
Essa era a curta mensagem
musicada de propaganda de João Tetzel, o homem autorizado a conseguir dinheiro
para construir uma nova basílica em Roma.
Seu esquema para o levantamento
de fundos [construção da Igreja de São Pedro – Vaticano]
— a venda de indulgências — era, simplesmente, a venda do perdão. "Faça
com que os seus entes queridos, que já partiram, saiam do purgatório por uma
pequena taxa e ganhe algum crédito adicional para os seus pecados."
Martinho Lutero nasceu em 1483, em uma família de camponeses em
Eisleben, Alemanha. Seu pai, um mineiro, levou-o a estudar Direito, enviando-o
à Universidade de Erfurt.
Contudo, o fato de ele ter
sido poupado da morte quando um raio caiu muito próximo dele fez com que Lutero
mudasse de ideia.
Ele entrou para um
mosteiro agostiniano em 1505, tornando-se sacerdote em 1507.
Reconhecendo suas
habilidades acadêmicas, seus superiores o enviaram para a Universidade de Wittenberg a fim de que obtivesse o diploma em
Teologia em Wittenberg como doutor em
Teologia, para ensinar disciplinas relacionadas à Bíblia.
Em 1515, começou a
lecionar sobre a epístola de Paulo aos Romanos. As palavras de Paulo consumiram
a alma de Lutero.
"Minha situação era que, apesar de ser um monge impecável, eu me punha
diante de Deus como um pecador perturbado por minha consciência e não tinha
confiança de que meus méritos poderiam satisfazê-lo", escreveu Lutero.
"Noite e dia eu
ponderava, até que vi a conexão entre a justiça de Deus e a afirmação de que Ό
justo viverá pela fé'. Então, entendi que a justiça de Deus é a retidão pela
qual a graça e a absoluta misericórdia de Deus nos justificam pela fé.
Em razão dessa descoberta,
senti que renascera e entrara pelas portas abertas do paraíso. Toda a Escritura
passou a ter um novo significado [...] esta passagem de Paulo tornou-se, para
mim, o portão para o céu".
95 Teses de Lutero
1. Ao dizer: "Fazei
penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que
toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2. Esta penitência não
pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e
satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3. No entanto, ela não se
refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula,
se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4. Por conseqüência, a
pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira
penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5. O papa não quer nem pode
dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou
dos cânones.
6. O papa não pode remitir
culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou,
sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem
desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.
7. Deus não perdoa a culpa
de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao
sacerdote, seu vigário.
8. Os cânones penitenciais
são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto
aos moribundos.
9. Por isso, o Espírito
Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre
exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10. Agem mal e sem
conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos
penitências canônicas para o purgatório.
11. Essa erva daninha de
transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada
enquanto os bispos certamente dormiam.
12. Antigamente se
impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como
verificação da verdadeira contrição.
13. Através da morte, os
moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por
direito, isenção das mesmas.
14. Saúde ou amor
imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto
mais, quanto menor for o amor.
15. Este temor e horror
por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do
purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16. Inferno, purgatório e
céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a
segurança.
17. Parece desnecessário,
para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o
amor.
18. Parece não ter sido
provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se
encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19. Também parece não ter
sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança,
ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.
20. Portanto, sob remissão
plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente
aquelas que ele mesmo impôs.
21. Erram, portanto, os
pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e
salva pelas indulgências do papa.
22. Com efeito, ele não
dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas
deveriam ter pago nesta vida.
23. Se é que se pode dar algum
perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais
perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24. Por isso, a maior
parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e
indistinta promessa de absolvição da pena.
25. O mesmo poder que o
papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua
diocese e paróquia em particular.
26. O papa faz muito bem
ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por
meio de intercessão.
27. Pregam doutrina humana
os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá
voando [do purgatório para o céu].
28. Certo é que, ao
tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da
Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29. E quem é que sabe se
todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o
caso com S. Severino e S. Pascoal.
30. Ninguém tem certeza da
veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
31. Tão raro como quem é
penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é
raríssimo.
32. Serão condenados em
eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua
salvação através de carta de indulgência.
33. Deve-se ter muita
cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável
dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.
34. Pois aquelas graças
das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental,
determinadas por seres humanos.
35. Não pregam cristãmente
os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou
adquirir breves confessionais.
36. Qualquer cristão
verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo
sem carta de indulgência.
37. Qualquer cristão
verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo
e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38. Mesmo assim, a
remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque
(como disse) constituem declaração do perdão divino.
39. Até mesmo para os mais
doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade
das indulgências e a verdadeira contrição.
40. A verdadeira contrição
procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e
faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.
41. Deve-se pregar com
muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue
erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.
42. Deve-se ensinar aos
cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de
alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
43. Deve-se ensinar aos
cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do
que se comprassem indulgências.
44. Ocorre que através da
obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as
indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
45. Deve-se ensinar aos
cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências
obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46. Deve-se ensinar aos
cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é
necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com
indulgência.
47. Deve-se ensinar aos
cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
48. Deve-se ensinar aos
cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais necessita, da
mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se
está pronto a pagar.
49. Deve-se ensinar aos
cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas,
porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
50. Deve-se ensinar aos
cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências,
preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a
carne e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos
cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro
àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente
o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52. Vã é a confiança na
salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até
mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
53. São inimigos de Cristo
e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por
inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
54. Ofende-se a palavra de
Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências
do que a ela.
55. A atitude do papa é necessariamente
esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um
toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais
importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e
cerimônias.
56. Os tesouros da Igreja,
dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados
nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57. É evidente que eles,
certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os
distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58. Eles tampouco são os
méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça
do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
59. S. Lourenço disse que
os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra
como era usada em sua época.
60. É sem temeridade que
dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de
Cristo, constituem este tesouro.
61. Pois está claro que,
para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.
62. O verdadeiro tesouro
da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Este tesouro,
entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros sejam
os últimos.
64. Em contrapartida, o
tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos últimos
os primeiros.
65. Por esta razão, os
tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens
possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das
indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos
homens.
67. As indulgências
apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser
entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.
68. Entretanto, na
verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a
piedade na cruz.
69. Os bispos e curas têm
a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências
apostólicas.
70. Têm, porém, a
obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os
ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar
do que lhes foi incumbido pelo papa.
71. Seja excomungado e
maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
72. Seja bendito, porém,
quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um
pregador de indulgências.
73. Assim como o papa, com
razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de
indulgências,
74. Muito mais deseja
fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a santa
caridade e verdade.
75. A opinião de que as
indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem absolver um homem
mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é
loucura.
76. Afirmamos, pelo
contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos
pecados veniais no que se refere à sua culpa.
77. A afirmação de que nem
mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é
blasfêmia contra São Pedro e o papa.
78. Afirmamos, ao
contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais
sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1
Co 12.
79. É blasfêmia dizer que
a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.
80. Terão que prestar
contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam
difundidas entre o povo.
81. Essa licenciosa
pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens doutos,
defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas,
dos leigos.
82. Por exemplo: por que o
papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema
necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se
redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a
construção da basílica - que é uma causa tão insignificante?
83. Do mesmo modo: por que
se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui
ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto
que já não é justo orar pelos redimidos?
84. Do mesmo modo: que
nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio
e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por
causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?
85. Do mesmo modo: por que
os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito revogados e mortos -
ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se
ainda estivessem em pleno vigor?
86. Do mesmo modo: por que
o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos Crassos, não constrói
com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de
fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: o que é
que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à
remissão e participação plenária?
88. Do mesmo modo: que
benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como
agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações
100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as
indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que
suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente
eficazes?
90. Reprimir esses
argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los
apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos
e desgraçar os cristãos.
91. Se, portanto, as
indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do
papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo
teriam surgido.
92. Fora, pois, com todos
esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja
paz!
93. Que prosperem todos os
profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja
cruz!
94. Devem-se exortar os
cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas,
da morte e do inferno;
95. e, assim, a que
confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela
segurança da paz.
1517 A.D
Fonte: Home IEAD
Belenzinho.
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