RS lidera várias estatísticas das análises religiosas do Censo do IBGE de 2010.
Pequenos
municípios do Rio Grande do Sul têm maiores porcentuais de católicos e
evangélicos do País;
Com pouco mais
de 3% do território brasileiro, o Rio Grande do Sul abriga 6% da população.
UMA DESCOBERTA INTERESSANTE:
RIO GRANDE DO SUL detém dois índices contraditórios:
Quanto ao número de Evangélicos!
Dos dez Municípios, que têm maiores porcentuais de evangélicos,
sete são gaúchos.
Quanto ao número de Católicos:Dez Municípios
brasileiros com maior índice de católicos em suas populações residentes, nove
estão no Rio Grande do Sul.
Estado também concentra praticantes de umbanda e candomblé.
PORTO
ALEGRE - Os pequenos municípios do Rio Grande do Sul lideram diversas
estatísticas das análises religiosas do Censo do IBGE de 2010. Com 1,5 mil
habitantes, União da Serra, localizado no nordeste do Estado, tem um porcentual
de 99,2% de católicos, o maior do País.
Destaque Positivo:
Arroio do
Padre, no sul, tem 2,7 mil habitantes e está nos extremos de dois
levantamentos.
Tem 85,8% de moradores evangélicos, maior índice do País, e 7,8%
de católicos, menor índice do País.
Mas não é só.
Dos dez municípios
brasileiros com maior índice de católicos em suas populações residentes, nove
estão no Rio Grande do Sul.
Dos dez que têm maiores porcentuais de evangélicos,
sete são gaúchos.
O Estado
também concentra praticantes de umbanda e candomblé. Todos os dez municípios
com maiores índices de seguidores dessas correntes estão em território gaúcho.
O líder é Cidreira, no litoral, com 5,9% de seus 12,6 mil habitantes adeptos
dos cultos de origem africana. Outro dado curioso do Estado foi detectado no
Chuí, na fronteira com o Uruguai, onde 54,2% dos moradores se declaram sem
religião.
A
explicação de estudiosos para o protagonismo religioso relativo dos municípios
gaúchos aponta sempre para a colonização do Estado.
"Há regiões de
predomínio luterano com moradores de origem germânica e há regiões de
predomínio católico com moradores de origem italiana", afirma o sociólogo
Ricardo Mariano, professor do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS).
O pastor
Romeu Martini, assessor teológico do presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) Nestor
Paulo Friedrich, concorda. "Entre os contingentes de alemães que
começaram a chegar em 1824 havia luteranos", destaca, apontando
aquele momento como o de nascimento da IECLB.
Depois de
colonizarem o Vale do Sinos e a Serra do Nordeste, os imigrantes e seus
descendentes foram para outras regiões do Estado e fundaram outras cidades,
mantendo a tradição religiosa.
Embora os
portugueses já estivessem em território gaúcho, o fenômeno é mais forte nas
colônias italiana e alemã. "Os principais celeiros de vocações religiosas
estão nessas comunidades", observa Mariano.
A simples
observação dos nomes dos municípios que têm os maiores porcentuais do País de
seguidores de religiões africanas indica a origem do culto no Rio Grande do
Sul. Todos estão localizados na metade sul e no litoral, regiões de charqueadas
onde houve maior exploração da escravidão e onde estão diversos quilombos em
processo de reconhecimento.
Para
Mariano, é possível que as faixas de auto-identificação de praticantes de
umbanda e candomblé sejam maiores no Rio Grande do Sul do que em outros
Estados.
"Aqui o sincretismo hierárquico, dominado pelo catolicismo, também existiu, mas não foi tão duradouro como na Bahia", destaca.
"Aqui o sincretismo hierárquico, dominado pelo catolicismo, também existiu, mas não foi tão duradouro como na Bahia", destaca.
O
empresário, engenheiro e advogado Everton de Xangô, presidente da Federação
Afro-Umbandista e Espiritualista do Rio Grande do Sul (Fauers), diz que a
origem do culto está no período da escravidão, mas observa que houve muitas
adesões de descendentes de europeus nas últimas décadas.
"Eles têm na bagagem cultural o sentimento religioso e procuram novas opções em busca de respostas para seu lado espiritual", analisa.
"Eles têm na bagagem cultural o sentimento religioso e procuram novas opções em busca de respostas para seu lado espiritual", analisa.
O alto
índice de pessoas que se declaram sem religião no Chuí não tem explicações tão
claras como para as demais constatações do Censo.
Sem se identificar, uma funcionária da prefeitura considerou e questão "irrelevante" e desconfiou do porcentual porque entende que quase todos os moradores do município, que tem uma grande colônia árabe, praticam algum culto religioso.
"Como está na linha de fronteira, a cidade pode ter sido influenciada pelo Uruguai, um dos países mais laicos do planeta", supõe Mariano, com a ressalva de que "não dá para afirmar isso categoricamente".
Sem se identificar, uma funcionária da prefeitura considerou e questão "irrelevante" e desconfiou do porcentual porque entende que quase todos os moradores do município, que tem uma grande colônia árabe, praticam algum culto religioso.
"Como está na linha de fronteira, a cidade pode ter sido influenciada pelo Uruguai, um dos países mais laicos do planeta", supõe Mariano, com a ressalva de que "não dá para afirmar isso categoricamente".
Nenhum comentário:
Postar um comentário