Lição 10: A Ceia do Senhor – A Segunda Ordenança da Igreja
Lição CPAD - 1° Trimestre de 2024 -EBD – ADULTOS
Subsídio Pastor e Professor Osvarela
Texto Aureo
“Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes
este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha.” (1 Co 11.26)
As ordenanças são determinadas por três fatores:
- foram instituídas por Cristo,
- foram ensinadas pelos apóstolos e
- foram praticadas pela igreja primitiva.
Já que o batismo e a comunhão são os únicos rituais que satisfazem estes critérios, então só pode haver duas ordenanças.
Prática
A Ceia do Senhor, como uma ordenança, celebra a comunhão do crente
com o Senhor ressuscitado.
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1 Coríntios 11.17-34
17- Nisto, porém, que vou dizer-vos, não vos louvo, porquanto vos
ajuntais, não para melhor, senão para pior.
18- Porque, antes de tudo, ouço que, quando vos ajuntais na
igreja, há entre vás dissensões: e em parte o creio.
19- E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são
sinceros se manifestem entre vás.
20- De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer
a Ceia do Senhor.
21- Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria
ceia; e assim um tem fome, e outro embriaga-se.
22- Não tendes, porventura, casas para comer e para beber? Ou
desprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi?
Louvar-vos-ei? Nisso não vos louvo
23- Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o
Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;
24- e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o
meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
25-Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice,
dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as
vezes que beberdes, em memória de mim.
26- Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este
cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha.
27- Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do
Senhor, indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
28- Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão,
e beba deste cálice.
29 – Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua
própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.
30- Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos
que dormem.
31- Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos
julgados.
32- Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor,
para não sermos condenados com o mundo.
33- Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai
uns pelos outros.
34- Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que vos não
ajunteis para condenação. Quanto às demais coisas, ordená-las-ei quando for ter
convosco.
A) Objetivos da lição:
I) Apresentar a natureza da Ceia do Senhor na Tradição Cristã
II) Mostrar o propósito da Ceia do Senhor
III) Refletir a respeito do modo de celebração da Ceia do Senhor
B) Motivação:
A Cela do Senhor traz uma perspectiva passada, pois nos remete ao perdão
dos pecados e à obra salvífica de Jesus Cristo: ela traz uma perspectiva presente,
pois realça a nossa comunhão com Cristo com sua igreja e, finalmente, aponta
para o futuro esperançosamente, pois somos lembrados da promessa da
vinda de Cristo.
EXÓRDIO:
Obs.: Ordenanças são ordens dadas por
Cristo à Igreja com a intenção de lembrar e simbolizar verdades
fundamentais. Diferente do conceito de “sacramento”, as ordenanças não têm
a intenção de serem veículos de graça.
A
Bíblia, ao contrário, diz-nos que a graça não é dada através de símbolos
externos e nenhum ritual é "necessário para a salvação". A graça é
gratuita. "Mas quando apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador e o seu
amor para com os homens, não em virtude de obras de justiça que nós houvéssemos
feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou mediante o lavar da
regeneração e renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou abundantemente
sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador; para que, sendo justificados
pela sua graça, fôssemos feitos herdeiros segundo a esperança da vida
eterna" (Tito 3:4-7).
Uma
ordenança é uma "prática ou cerimônia prescrita", mas que alcança
além do que vemos, seja no passado, no presente ou futuro.
Protestantes
e evangélicos têm as ordenanças como reconstituições simbólicas da mensagem do
evangelho que ensina que Cristo viveu, morreu, ressuscitou dentre os mortos,
ascendeu aos céus e voltará um dia.
Ao invés
de serem requisitos para a salvação, as ordenanças nos auxiliam e nos ajudam a
melhor compreender e apreciar o que Jesus Cristo realizou por nós na Sua obra
redentora.
Mas, a
mesma ordenança que não salva, pode impedir ou trazer um julgamento a vida do
crente!
As ordenanças são as coisas que Jesus nos disse para observar com
outros cristãos. Quanto ao batismo, Mateus 28:18-20 diz: "E,
aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu
e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as
coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até
a consumação dos séculos."
Quanto à comunhão, também chamada de Ceia do Senhor,
Lucas 22:19 diz: "E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e
deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória
de mim."
A maioria das igrejas observa estas duas práticas.
Atos 20:7 E no primeiro dia da semana,
ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir
no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite.
Marcos 14:22 E, comendo eles, tomou Jesus pão
e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo.
As
ordenanças são determinadas por três fatores:
- foram instituídas por Cristo,
- foram ensinadas pelos apóstolos e
- foram praticadas pela igreja primitiva.
Já que o
batismo e a comunhão são os únicos rituais que satisfazem estes critérios,
então só pode haver duas ordenanças.
Nenhuma ordenança é necessária para a salvação e nem é um "veículo para a
graça".
Introdução:
A Ceia do Senhor, em muitos lugares chamada de Santa Ceia, é um
dos mais importantes eventos da Igreja e se constitui na segunda ordenança de
Jesus Cristo e por ele implantada no momento da ceia da Páscoa, de onde se usou
o nome Ceia.
Alguns importantes pontos ainda despertam discussão no
cristianismo.
Foi numa refeição de aliança (Ceia da Páscoa) na que Jesus
essencialmente constituiu a igreja como o novo povo de Deus e solenemente disse
a eles para fazerem isso continuamente. A partir, da Ceia Pascoal judaica,
Jesus Cristo, antes de sua morte vicária, quando Ele teve a sua última Ceia
cerimonial, com o seu grupo íntimo, os doze apóstolos, há uma instituição
memorial daquele ato.
A Ceia é impactante (Cristo espiritualmente presente) e integradora (ligando o humano ao divino, a vida interior à prática exterior e o
indivíduo à comunidade - Igreja).
Ceia do Senhor:
Passado – Cruz
Presente – Igreja
Futuro – Arrebatamento e Ceia da Igreja no Céu.
A Ceia do Senhor tem uma referência passada à morte de Jesus e tem uma
referência presente à nossa participação corporativa
em Cristo, mediante a fé. E tem uma referência futura pelo fato de ser uma garantia da
sua segunda vinda. Encoraja o fiel em sua caminhada diária e em sua expectação.
Esse serviço de culto, no qual os cristãos recordam o sofrimento que Cristo
suportou por eles, é uma marca distintiva da religião cristã por todo o mundo. Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra,
Nota Teológica, página 1360.
A eficácia da Ceia do Senhor
A ordenança da Ceia é uma garantia eficaz na vida da Igreja (na
dos crentes) que mostra que a Igreja, ou os membros continuam obtendo a
aceitação de Deus em Jesus Cristo.
Mostra a eficácia da Graça, mostra a fidelidade de Deus em manter
o relacionamento da Igreja com o Cabeça – Cristo. Pois, constrói a
espiritualidade pessoal, a comunhão da igreja e o caráter cristão. Por meio
dela, Deus nos chama a vincular nossas crenças mais íntimas com nossos
relacionamentos, nossas práticas e nosso testemunho para o mundo.
Antes de tudo a Ceia é demonstração da relação da Igreja com
Cristo e está presenta nela, a clara intenção do Salvador era que nós, Seus
seguidores tenhamos proveito da sua participação nela.
Segurança na Salvação:
Isto ocorre do próprio fato de que Ele o instituiu como sinal e
selo da aliança da graça. O comer e do beber simbólicos, indicam nutrição e
vivificação, uma comunhão cada vez mais íntima com Cristo, de nutrição e
vivificação espiritual, e de uma crescente segurança da salvação.
A eficácia se demonstra na vida de cada crente ao sentir que ao
participar da Ceia está cumprindo uma Ordenança única sobre a morte vicária do
Nosso Salvador. Na Ceia do Senhor nós recebemos cada vez
Cristo e os benefícios de Sua redenção.
Discurso:
Por ser uma ordenança que é realizada por inúmeras igrejas ou
denominações, alguns aspectos têm sido discutidos no meio da Igreja, ao longo
dos séculos, entre eles podemos listar as perguntas básicas sempre discutidas,
sobre Ceia do Senhor.
Transubstanciação ou substituição?
Quantas vezes deve ser realizada?
Deve-se realizar o lava-pés?
Quem pode tomar a Ceia?
Há um estudo chamado de Fórmula de Concórdia (Dresden - 1580), o
qual diz:“que não somente os verdadeiros crentes em Cristo, e os que se acercam
dignamente da Ceia do Senhor, mas também os indignos e os descrentes
recebem o verdadeiro corpo e sangue de Cristo; de maneira tal, no entanto, que
estes não auferem nem consolo nem vida, mas, antes, o que recebem se transforma
em seu juízo e condenação, se não se converterem e não se arrependerem (1 Co
11.27, 29)”.
“A Fórmula de Concórdia é um
documento confessional luterano que surgiu na chamada Reforma Tardia, por
iniciativa de alguns teólogos de renome, dentro do círculo de Wittenberg, que
buscavam produzir um material que, de forma resumida, tivesse o poder de reunir
todas as marcas da teologia saudável iniciada por Lutero.”
Que se pode fazer no período antes da Ceia? Não há nas Escrituras
algum tipo de orientação sobre o que se deve ou não fazer no período que
antecede a Ceia.
Certo é que é percepção da Igreja que exista uma maior reflexão
interna do que dela participa, apara que não venha a incorrer no que o texto
bíblico orienta:
1 Coríntios 11: 28,29 Examine-se,
pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque
o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo
o corpo do Senhor.
Não casados, legalmente, podem participar da Ceia?
Entendendo a questão da moralidade bíblica, quanto a fornicação ou
adultério, é necessário um estudo para particularizar a questão.
Mas, de maneira geral, pessoas em situação matrimonial vivendo
maritalmente sem a legalidade do casamento ou relação tem sido impedidas de
participar desta ordenança, como também da primeira, o batismo.
As mesma forma, difere de denominações para outra, nas quais a
concessão da participação na Ceia é livre.
A – Doutrina paulina
O apóstolo Paulo o maior doutrinador da escritura neotestamentária
doutrinou sobre a Ceia, após uma revelação pessoal:
1 Coríntios 11.23
- Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei:
A ceia do Senhor foi estabelecida, portanto, no final do
Ministério da Jesus, no ato de celebração da Páscoa determinada no Sinai.
“Então direis: Este é o sacrifício
da Páscoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito,
quando feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas.” Êxodo 12:27
Quando dizemos em qual momento foi estabelecida, precisamos
entender em qual contexto em que se localiza a Páscoa, ou Ceia.
B - Subsídio histórico-cultural:
Ligando os Atos e Liturgia:
- A Páscoa Judaica e a instituição da Santa Ceia-Memorial.
- A Santa Ceia ou Ceia do Senhor
A instituição do Memorial da Santa Ceia na realidade se dá na
Comemoração da Páscoa Judaica [na qual um grupo formado por Jesus e seus doze discípulos,
atendem um preceito da Lei], conforme o texto supra.
O rito da Páscoa Judaica acontece para lembrar dois grandes acontecimentos para o
povo hebreu: a libertação dos judeus que estavam sob o domínio egípcio e
a comemoração da época da cevada, uma lembrança do relacionamento
de Israel com a terra.
C - Elementos da Páscoa judaica, da qual Jesus participou:
Confira alguns componentes da ceia e seus
significados.
Zeroah: osso da
perna do cordeiro usado como lembrete do cordeiro oferecido na Páscoa no Templo
de Jerusalém. Também lembra que Deus passou por cima das casas do povo judeu no
Egito.
Beytza: o ovo
simboliza o ovo assado oferecido no templo de Jerusalém na festa da Páscoa.
Maror: pedaço de
erva amarga que relembra a amargura e opressão durante o período de escravidão.
Haroset: mistura de
maçãs raladas, canela, castanhas e vinho que simboliza a argamassa usada pelos
trabalhadores judeus escravos no Egito.
Karpas: pedaço de
salsa ou aipo relembra a estação da primavera, a época da Páscoa, é o símbolo
da gratidão para com Deus pela qualidade da terra.
Água salgada:
símbolo da amargura que Israel suportou em sua experiência de cativeiro. É
usada para mergulhar a salsa.
Matzot: 3
pães sem fermento [ázimos] que representam os patriarcas Abraão, Isaac
e Jacó.
Vinho: o vinho
relembra a cor do sangue que os judeus pincelaram os batentes das portas de
suas casas para que os primogênitos pudessem sobreviver.
I - Discurso - Objetivo:
Objetivo da Santa Ceia:
- Reunir
a Igreja ao redor da mesa de Cristo para um Memorial: I Co.11.33
- Realizar
um evento espiritual em Memória de Jesus Cristo. I Co.11.24,25.
- Anúncio
do encontro da Morte de Jesus. I Co.11. 25
- Igreja
com o Senhor Jesus, nos céus. I Co.11. 26
- Julgamento
pessoal. I Co.11.28
- Criar
discernimento aos crentes. Quem não participa ou participa sem discernir
sofre consequências. I Co.11. 29.
- Fonte
de vida eterna pela mística atuação de Cristo na vida do que participa
deste ato. I Co.11.30
- Sujeitos
ao julgamento e repreensão de Deus. I Co.11.31,32.
- Anúncio
da nossa esperança de sermos participantes com Ele do beber do cálice nos
céus, pois Ele como Pão já nos alimenta e nos garante vida eterna como Pão
dos Céus. Mt.26. 29..
Mt.26. 29. E
digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em
que o beba novo convosco no reino de meu Pai.
Para nossos dias podemos fazer a mesma pergunta para a qual os
israelitas tinham a resposta no texto do Êxodo 12.27.
Como podemos situar a Ceia como um culto único da Igreja?
- Que culto é este?
Nós podemos responder aos que nos perguntarem:
“Esta é a Nossa Páscoa, memorial determinado por Jesus
Cristo durante a sua Páscoa, quando Ele revela a vicariedade
universal de sua iminente morte na Cruz, tal qual o cordeiro pascal do
momento da libertação do Egito, este momento nos faz lembrar da nossa
libertação espiritual”.
I-a- A Ceia na Igreja primitiva:
Podemos dizer, com certeza, que as igrejas do período apostólico
celebravam semanalmente a Ceia do Senhor.
“No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para
partir o pão” (At 20.7)
As celebrações da Igreja se baseavam no Dia do Senhor – no
primeiro dia da semana, para nós atual, Domingo.
Domingo foi o dia em que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, um
ato que sempre distinguiu o Cristianismo de qualquer outra religião (João
20:1). Desde aquele tempo, os crentes têm se reunido no primeiro dia da semana
para comemorar a Sua vitória sobre o pecado e a morte (Atos 20:7; 1 Coríntios
16:2).
II - Definindo:
Discutindo o entendimento dos símbolos – O Pão e o Vinho!
Corpo E Sangue na Ceia do Senhor:
Ao iniciarmos este trecho do subsídio precisamos informar que
nosso entendimento para o ato da Ceia do Senhor quanto a sua forma litúrgica,
ou seja, o que entendemos ser a Ceia do Senhor.
As Escrituras declaram que a Ceia
do Senhor é um memorial ao corpo e sangue de Cristo (Lucas 22:19; I Coríntios
11:24-25), não o verdadeiro ato de consumir Seu corpo físico e sangue.
A Bíblia nunca diz que os elementos da Santa Ceia se tornam
realmente no corpo de Jesus. O objetivo principal da Ceia é lembrar o sacrifício de Jesus
e mostrar que cremos nele. Quando tomamos a Ceia declaramos que somos salvos
pelo sacrifício de Jesus na cruz e que todos somos parte do corpo de Jesus, a
Igreja.
No ato da Ceia do Senhor temos algumas dificuldades teológicas quanto
aos elementos que simbolizam o corpo e o sangue de Jesus.
A partir, do que se dá no momento da Ceia do Senhor, com os elementos
simbólicos temos entendimentos diversos no mundo cristão:
Transubstanciação – Substanciação – Consubstanciação:
A doutrina da Substanciação – na Substanciação o pão e o
vinho, após a oração, passa a ser símbolo do corpo e do sangue de cristo
sem sofrer alteração.
A doutrina da Consubstanciação - Na Consubstanciação,
crê-se que as substâncias do Corpo e do Sangue de Cristo se unem à
substância do pão e do vinho.
Na época da Reforma Protestante, os reformadores entenderam que o conceito da transubstanciação
estava errado. Após a Reforma teólogos de linha luterana entenderam que
a presença de Cristo conforme explicado na doutrina da transubstanciação não
era um conceito bíblico. Porém eles ainda acreditavam que em certo aspecto,
algo da presença física de Cristo está presente nos elementos da Ceia do
Senhor.
Em outras palavras eles defendiam que Cristo está presente
fisicamente na Ceia, mas não ocorre nenhuma transubstanciação dos elementos. O
que ocorre na verdade é uma espécie de sacralização dos elementos. O pão e o
vinho continuam sendo os mesmos, mas de certa forma junto deles estão a carne e
o sangue de Jesus. Essa doutrina foi chamada de consubstanciação.
E a doutrina da Transubstanciação - a capacidade de transformar
o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo.
Definição:
Mudança de uma substância noutra. [ Teologia ] Mudança da substância do pão e
do vinho na do corpo e do sangue de Jesus Cristo, na Eucaristia.
Há diferenças de entendimento entre as diversas linhas de
pensamento no Cristianismo, seja nas igreja tradicionais, na ICAR, ou em algumas
do modelo reformado.
Qual a diferença entre Consubstanciação e Transubstanciação?
Na Consubstanciação,
crê-se que as substâncias do Corpo e do Sangue de Cristo se unem à substância
do pão e do vinho.
Este conceito opõe-se à
definição de Transubstanciação, na qual se crê que a substância do pão e
do vinho sejam transformadas na substância do Corpo e Sangue de Jesus.
Wycliffe chegou até a questionar a doutrina da
transubstanciação — a capacidade de transformar o pão e o vinho no corpo e no
sangue de Cristo —, que era (e continua a ser) parte fundamental do catolicismo,
considerada pela Igreja como a mais radical posição d e Wycilffe.
O que é a Substanciação?
1. Substanciação. Fala
a respeito da santa ceia, ato praticado pelos cristãos. Lembra a morte de
Jesus, onde o pão e o vinho, após a oração, passa a ser símbolo do corpo e do
sangue de cristo sem sofrer alteração.
Entendendo a doutrina da
Transubstanciação:
Transubstanciação é uma
doutrina da Igreja Católica Romana. O Catecismo da Igreja Católica define esta doutrina na
seção 1376:
“O
Concílio de Trento resume a fé católica (não é nosso caso, mas apresentamos
como subsídio histórico) ao declarar:
‘Por ter Cristo, nosso Redentor, dito que aquilo que
oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente seu Corpo, sempre se teve na
Igreja esta convicção, que o santo Concílio declara novamente: pela consagração
do pão e do vinho opera-se a mudança de toda a substância do pão na substância
do Corpo de Cristo Nosso Senhor e de toda a substância do vinho na substância
do seu Sangue; esta mudança, a Igreja Católica denominou-a com acerto e
exatidão Transubstanciação".
Em
outras palavras, a Igreja Católica Apostólica Romana [ICAR] ensina que
uma vez que um padre ordenado abençoe o pão da Ceia do Senhor, este é
transformado na real carne de Cristo (apesar de manter a aparência, odor e
gosto de pão); e quando ele abençoa o vinho, este é transformado no real
sangue de Cristo (apesar deste manter sua aparência, odor e gosto de vinho). A
Transubstanciação na liturgia da ICAR, ocorre durante a Santa Missa quando o
sacerdote ministerial (Padre, Bispo) realiza o Sacrifício Eucarístico fazendo
as vezes de Cristo (in persona Christi), repetindo as palavras ditas por Jesus
na última ceia: “Isto é o Meu Corpo... Este
é o cálice de Meu Sangue…”
Obs.: Os católicos veem a Eucaristia
(liturgia correlata a Ceia do Senhor) como uma constante repetição do
sacrifício de Jesus Cristo. Em sua interpretação, a hóstia se transforma no
corpo de Jesus e pode ser adorada. Concílio Regional em Roma,1079 d.C.
Com
se deu o uso Doutrinário da Substanciação?
II-a
-A Reforma e os símbolos na Ceia:
Pensamentos Pós-reforma:
Ulrico
Zuínglio não concordou com a consubstanciação de Martinho
Lutero. Afirmou que a presença de Cristo não está na Santa
Ceia em nenhum aspecto.
A
Ceia do Senhor é apenas um símbolo do sacrifício de Cristo.
Então
segundo o pensamento de Zuínglio, a Ceia é apenas uma celebração
da Igreja “in memorian” do
que Cristo fez no Calvário.
João
Calvino. Entendeu que de fato não há nada da presença física
de Cristo na Ceia, mas que também sua celebração não é apenas algo simbólico.
Para
Calvino, Cristo está presente na Ceia espiritualmente.
Como
Cristo é Cabeça e habita com seu povo através do Espírito Santo, Ele é o
Anfitrião na mesa da comunhão.
Portanto,
a Ceia do Senhor significa que ao comer o pão e ao tomar o vinho, a
Igreja está se alimentando espiritualmente de Cristo, que se oferece
como sustento de seu povo.
Calvino
com essa interpretação de Calvino rejeita as doutrinas da transubstanciação
católica e da consubstanciação luterana. Como também não concorda com a teoria
esvaziada defendida por Zuínglio, de ser apenas um tipo de presença figurada de
Cristo e de que a Ceia é apenas um ato memorial.
Como
visto, a interpretação de Calvino é adotada por grande parte das igrejas
protestantes, incluindo a nossa Igreja.
“...,
tomou o pão; E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu
corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é
o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em
memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes
este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.” 1 Coríntios
11:23-26
Embora,
entendamos que o ato memorial continua sendo parte desta Ordenança.
III
- UM MEMORIAL –
Zuínglio
– é uma celebração em memória do que Cristo realizou no Calvário.
1
Coríntios 11. 24-25. E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei;
isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é
o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em
memória de mim.
Porque cremos
que a Ceia é um ‘MEMORIAL’?
a) Porque a expressão “isto é meu corpo” (Mt 26.26; 1Co 11.24) é uma figura de linguagem
(metáfora) que na verdade quer dizer “isto simboliza meu corpo”. Esse é o mesmo
modo de interpretar expressões como “eu sou o pão da vida” ou “eu sou o pão
vivo que desceu dos céus” (Jo 6.48,51), “eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12), “eu sou a porta das ovelhas” (Jo 10.7,9) e “eu sou a videira verdadeira” (Jo 15.1).
Tomar literalmente “isto é meu corpo” trará também
grandes dificuldades para interpretarmos frases como “porque nós, embora
muitos, somos unicamente um pão” (1Co 10.17);
b) Quando Jesus disse “isto é meu corpo”, a Bíblia diz que ele “tomou um pão” (Mt 26.26; Mc 14.22; Lc 22.19). Nessa ocasião, o corpo real de
Jesus segurava o pão em vez de integrá-lo;
c) Porque, apesar da onipresença divina, o corpo de
Cristo foi elevado aos céus (At 1.9,11; 7.55, 56) e haverá uma presença corporal de Jesus na Terra
apenas na sua segunda vinda (At 1.11; Lc 21.27; e 1Ts 1.10) de modo que seu corpo não está presente na terra no
momento da ceia;
d) O texto de 1Co 10.16, usado para
defender uma suposta presença especial de Cristo na ceia, não tem por intenção
tratar a forma da Ceia do Senhor (visto que Paulo ainda falaria sobre isso
adiante no capítulo seguinte), mas pretende apresentar a participação da ceia
como integração no culto do Senhor, assim como os israelitas participaram do
culto de Baal-Peor pelo contato com as mulheres midianitas e como os crentes de
Corinto teriam parte em um culto idólatra se participassem de refeições em
templos pagãos (1Co 10.1-22). As Ordenanças da Igreja adaptado de estudo da Igreja Batista Redenção
A
Ceia é Visão Memorial:
a) É
uma recordação da morte de Cristo (1Co 11.24,25) –
O pão simboliza seu corpo oferecido em sacrifício (1Pe 2.24) e o cálice
simboliza seu sangue derramado para o perdão dos pecados (Ef 1.7) na
cruz do Calvário;
b) É
uma proclamação da morte de Cristo enquanto se espera sua vinda (1Co 11.26) –
Volta os olhos dos participantes para o retorno futuro de Cristo (Mt 26.29);
c) É
uma comunhão entre os crentes (1Co 10.17) – É uma
refeição que concentra a fé comum dos participantes em Cristo.
A
Ceia Conta com a presença de Jesus
É
um momento de confirmação da ligação da Igreja com Cristo
É
um anúncio de esperança da vinda do Cristo ressurreto
A
Ceia como ordenança não, age ‘ex opere operato’. Esta não
é em si mesma uma causa ou fonte de graça, mas apenas um instrumento
nas mãos de Deus. Sua operação efetiva depende, não só da presença da
fé no participante, mas também da atividade da fé.
A
Ceia do Senhor é ordenança, quando realizada da manifestação do Amor de Deus,
em manutenção em sua ministração, assim como o Batismo, o é.
III-
a - Hermenêutica de 1 Coríntios 11. 27-30
1
Coríntios 11. 27- 30 Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber
o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue
do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma
deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente,
come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo
do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que
dormem.”
O
julgamento se sou, ou não, digno de participar da Ceia é totalmente MEU!
αναξιος - anaxios; adj. indigno, inadequado para algo
αναξιος
- anaxios; adv. de um modo indigno
ανακρινω
- anakrino; v. examinar ou julgar; investigar, examinar,
verificar, analisar cuidadosamente, questionar - especificamente num sentido
forense no qual um juiz conduz uma investigação - interrogar, examinar o
acusado ou testemunha; julgar de, estimar, determinar (a excelência ou
defeitos de alguma pessoa ou coisa)
ανακρισις - anakrisis; n. f. investigação; como um termo legal entre os gregos, a investigação preliminar que tinha o propósito de reunir evidências para informar os juízes
Indignidade
- Característica da atitude que atenta contra os
padrões morais.
Indigno
- Aquele a quem não se permitem certos atos ou
benefícios, em razão de seu comportamento incompatível com os padrões morais do
ambiente em que vive.
Discernimento é
um substantivo masculino que significa o ato de discernir ou fazer
uma apreciação em relação a algo. É sinônimo de critério, escolha, reflexão,
Esta
palavra tem origem no latim discernere,
que significa colocar de parte, dividir ou separar. Discernir é conhecer ou ver
distintamente, avaliar, fazer a distinção entre duas ou mais coisas.
O
termo usado por Paulo ou transcrição do grego tem por prefixo o termo dia
que forma a palavra:
διακρισις
- diakrisis; n. f. habilidade de discernir, discernimento,
julgamento
διακρινω
- diakrino; v. separar, fazer distinção, discriminar,
preferir; aprender por meio da habilidade de ver diferenças, tentar, decidir;
determinar, julgar, decidir um disputa; estar em divergência consigo mesmo,
hesitar, duvidar
βλεπω
– blepo; v. ver, discernir, através do olho como órgão da visão -
com o olho do corpo: ter o poder de ver - olhar para, considerar, fitar; perceber
pelos sentidos, sentir; ex. ver com os olhos da mente; ter (o poder de)
entender; discernir mentalmente, observar, perceber, descobrir, entender;
voltar os pensamentos ou dirigir a mente para um coisa, considerar, contemplar,
olhar, para, ponderar cuidadosamente, examinar
Existem
outros termos que definem discernir, sempre com a noção de saber analisar o que
se vê ou se está fazendo. Mas, ressalto, o termo utilizado, no texto, é diakrisis.
θεωρεω
- theoreo; v. ser um espectador - olhar atentamente, ter uma
visão de, examinar; ver mentalmente, considerar, discernir, distinguir, averiguar
A forma e como ser digno para a Ceia do Senhor.
Muito embora, a forma de serem dignos de participar é dependente da posição daquele que passou pela primeira ordenança, mas é uma questão de como este interpreta a dignidade ou reconhece o valor, o peso em participar da Ceia.
É,
portanto, necessário que cada um se veja digno ou indigno diante de Deus,
sabendo discernir o ato.
Pela
própria definição da palavra. O indigno não pode receber benefícios do atos
vicário, por que de alguma forma atentou contra os padrões do corpo.
Neste
ponto, podemos verificar que Paulo quis demonstrar que é a pessoa quem de fato
decide, se tem condições espirituais, e fé na morte vicária de Cristo, ao
lançar a mão aos elementos da Ceia, que pode ou não nos trazer benefícios pela
morte, consciente do importante ato que realiza.
III-b
- Julgamento pessoal de nossa postura na Igreja (Corpo)
1
Coríntios 11:31,32. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não
seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos
pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.
Julgamento -
a participação na Ceia, sem condições do examine-se, assim como foi o caso nas
festas do antigo pacto, torna-se uma abominação que provoca julgamento.
Condenação
Sono
da morte
Sono
espiritual [ou morte espiritual]
Vida
Eterna
Ressurreição
no último dia
Impõem-se
o julgamento interior, ou discernimento do corpo do Senhor, pois é pelo seu
sofrimento (pisaduras) que alcançamos a benção da cura (espiritual ou mesmo
física).
A
decisão de dormir (morrer) e se tornar um doente espiritual, depende desta
visão ou discernimento que em Jesus Cristo, no corpo de sua Morte, concede
perdão (cura do pecado), e outras bençãos, incluindo a esperança da vida
Eterna.
Ao
nos julgarmos a nós mesmo, e tivermos discernimento e fé da obra da Cruz não
perdemos os benefícios a nós concedidos. Se pedirmos perdão, deixando, os
nossos pecados (“o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado, ...),
não sofreremos o castigo divino ou a repreensão do Senhor, pois,
se não nos julgamos a nós mesmo, Ele nos julgará, pois é Justiça.
A
Decisão é minha:
Não
será o pastor, ou a Igreja (salvo algum fato relevante de
conhecimento do corpo, ou de confissão de erro impeditório) quem irá
impedir ou não a participação de algum crente na Ceia.
Da
mesma maneira, entendemos que os que não passaram pela primeira ordenança, ou
aqueles que, como para esta não tem consciência não podem participar do ato da
Ceia.
Mas,
há igreja, ou denominações que não veem impedimento algum até par o descrente participar
do ato completamente da Ceia.
Transcrevo:
“... , todo aquele que recebe os elementos, seja
ímpio ou crente fiel, também recebe a graça simbolizada, concebida
como uma substância contida nos elementos. O próprio rito sacramental
transmite graça ao participante. Ao mesmo tempo, ela ensina também, de
forma, incoerente, como se vê, que os efeitos da ordenança – Ceia do
Senhor - o sacramento (visão católica - O conceito católico
romano.) podem ser parcial ou completamente frustrados pela
existência de algum obstáculo, pela ausência daquela disposição que
habilita a alma a receber graça, ou porque falta ao sacerdote a intenção de
fazer o que a igreja quer.” A CEIA
DO SENHOR COMO MEIO DE GRAÇA OU SUA EFICÁCIA – (Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg660) transcrito
e editado por este que escreve o subsídio. Os sacramentos – James Boice
Fontes:
O Que é Transubstanciação? O Que é Consubstanciação? Daniel Conegero
Got question - O que é o dia do
Senhor? E Qual é a diferença entre ordenanças e sacramentos?
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c88455z0725o#:~:text=Wycliffe%20chegou%20at%C3%A9%20a%20questionar,questionou%20a%20necessidade%20do%20sacramento.
https://www.gotquestions.org/Portugues/transubstanciacao.html
Que é transubstanciação? Site Aleteia
Bíblia online
Dicionário Strong
Citações no corpo do texto
Apontamento do autorhttps://estudandopalavra.blogspot.com/search?q=Ceia+do+Senhor
TRANSFORMANDO O MUNDO ATRAVÉS DA CEIA DO SENHOR, IPJG - 12 de
novembro de 2021 - Adaptado de Timothy Keller, de uma sessão de treinamento
de liderança na Igreja.
A vida diária cristocêntrica na perspectiva da Reforma Tardia: uma
análise dos artigos X, XI e XII da Fórmula de Concórdia - Fabrício Sobrosa Iung
- Bacharel em Teologia pela ULBRA, Pastor da Igreja Evangélica Luterana do
Brasil.
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