Cristãos da
Nigéria temem que ataques se tornem guerra civil.
08/01/2012 - 14h45
DA FRANCE PRESSE, EM ABUJA
Aterrorizados, os cristãos nigerianos
das tribos indígenas do estado de Yobe preparam-se para abandonar as suas
terras devido às ameaças e à violência do grupo de milícias islâmicas 'Boko
Haram'.
As autoridades cristãs da Nigéria temem
que os ataques islamitas contra igrejas e fiéis, considerados uma "limpeza
religiosa" e que deixaram dezenas de mortos nas últimas semanas,
desencadeiem uma guerra civil como a dos anos 1960.
Desde o Natal, seis ataques contra
cristãos provocaram a morte de mais de 80 pessoas, a maioria reivindicados pela
seita islamita Boko Haram, que quer impor a sharia (lei islâmica) no país, o
mais povoado da África com 160 milhões de habitantes.
"Este tipo de ato nos lembra o início
da guerra civil que ocorreu na Nigéria", disse neste sábado Ayo
Oritsejafor, chefe da CAN (Associação Cristã da Nigéria), que agrupa católicos
e protestantes, fazendo alusão à sangrenta guerra de recessão de Biafra que
deixou um milhão de mortos entre 1967 e 1970.
Seguindo as medidas de segurança
adotadas pelas autoridades há algumas semanas, os fiéis cristãos eram
registrados e precisavam passar por um detector de metais antes de entrar nas
igrejas neste domingo na capital federal, Abuja.
Em Lagos, a capital econômica do país,
que até o momento não sofreu nenhum ataque contra cristãos, as autoridades
davam conselhos aos fiéis para manter a prudência.
Em uma reunião de emergência convocada
no sábado, as autoridades cristãs chegaram à conclusão de que "o esquema
destas mortes nos faz pensar em uma limpeza étnica e religiosa",
acrescentou Oritsejafor.
Desde quarta-feira (4), os confrontos
se multiplicaram em vários Estados do nordeste do país deixando cerca de 30
mortos, depois que um ultimato dos islamitas que exigia a saída dos cristãos do
norte da Nigéria, de maioria muçulmana.
Esta escalada mortífera traz o temor de
uma guerra de religiões em um país cuja população é muçulmana e cristã em
partes iguais.
No estado de Adamawa (nordeste), as
autoridades impuseram no sábado um toque de recolher de 24 horas para enfrentar
a violência.
Neste Estado ocorreu o ataque mais
sangrento dos últimos dias, que deixou 17 mortos --segundo testemunhas-- em
Mubi, durante uma reunião de cristãos que estavam de luto. A polícia
estabeleceu um balanço de 12 falecidos.
Outro ataque perpetrado na sexta-feira
(6) à noite por homens armados em uma igreja de Yola, capital de Adamawa,
provocou a morte de dez fiéis, disse uma autoridade cristã.
Em uma igreja da cidade de Gomba, no
Estado vizinho com o mesmo nome, um ataque deixou seis mortos durante uma missa
cristã.
E no sábado à noite três fiéis morreram
quando dois homens motorizados dispararam contra um grupo de cristãos que
jogava pôquer em um hotel abandonado perto de uma igreja em Biu, no estado de
Borno (nordeste), onde foi ativado o estado de emergência no dia 31 de
dezembro.
Os últimos ataques "são uma das
consequências do fim de nosso ultimato", que pedia aos cristãos que
saíssem das regiões onde são minoria, declarou na sexta-feira à imprensa Abul
Qaqa, porta-voz de Boko Haram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário