É Tempo De Mudar
“Eu sabia que estava num lugar
perigoso, e coisas ruins aconteciam. Era ruim meu pai usar cocaína, era ruim
meu primo ser apedrejado. Mas, quando você é criança, cara, é mais fácil ser
feliz”.Marco
Gomes, jovem empresário da área de Publicidade na Internet.
Você
adolescente, que fica na Internet, só vendo coisas que lhe fazem dar risadas,
ou mudar o teu pensamento para coisas que não vão te fazer crescer, precisa ler
esta matéria da FolhaSP.
Gabo Morales - 15.dez.11/Folhapress
Marcos Gomes, dono da boo-box, agência de publicidade na internet, no prédio da empresa, em São Paulo
Como
um jovem nascido no Gama, uma das mais violentas cidades-satélites da capital
federal – Brasília – se tornou aos 20 anos parceiro de negócios da ordem de 77
milhões de dólares.
Filho
de pai viciado em cocaína [cocaine] e outros parentes e vizinhos no mesmo
mundo, ele entrou na UnB uma das melhores Universidades de cunho social e
qualidade de ensino do Brasil, aos 17 anos para estudar Programação de
Computação.
De
lá veio para São Paulo já com a idéia que lhe alçaria a vôos nunca dantes
imaginados, pelos seus parentes e vizinhos e talvez, por você e eu.
Parceiro
de Multinacionais poderosas, pelo desejo de mudar a situação na qual vivia.
Jovem da
periferia comanda agência que atinge 80% dos internautas.
12/01/2012
- 08h59
HELTON
SIMÕES GOMES - COLABORAÇÃO
PARA A FOLHA
Marco Gomes, 25, saiu do Gama, umas
das mais violentas cidades-satélite de Brasília, para entrar na UnB e chefiar
uma equipe de 15 pessoas em uma agência de publicidade.
Abandonou tudo para abrir a própria
empresa --aos 20 anos.
Hoje, a boo-box atinge 80% dos internautas
brasileiros e, no ano passado, expandiu suas operações para o restante da
América Latina.
Leia o depoimento de Gomes à Folha:
“Eu sabia que estava num lugar
perigoso, e coisas ruins aconteciam. Era ruim meu pai usar cocaína, era ruim
meu primo ser apedrejado. Mas, quando você é criança, cara, é mais fácil ser
feliz”.
Nunca senti que precisava superar o
Gama. Em 2003, entrei na UnB aos 17 anos para fazer computação. No fim do
primeiro ano, fui contratado por uma agência de publicidade. Virei muitas
noites, até que em dois anos já era líder de uma equipe de 15 programadores. Só
saí da agência para abrir minha empresa.
Eu percebi que a minha geração estava
em ambientes até então inexplorados pela publicidade, voltada aos portais de
notícia. Minha geração não acessava os portais. A gente entrava nos blogs de
amigos para ver vídeos, nos fóruns para conversar sobre jogos. Acessava as
redes sociais, o Orkut e o Twitter.
Em 2006, criei um modelo de
publicidade contextual que considera o conteúdo publicado na internet para
exibir publicidade específica para a audiência dele.
Na época, era um mercado dominado pelo
Google, faturando US$ 1 bilhão sozinho. Passei quatro madrugadas dormindo uma,
duas horas, porque tinha que acordar às 8h para trabalhar. O projeto chamou a
atenção do maior site de tecnologia do mundo, o TechCrunch.
Eles são difíceis de agradar.
Dificilmente falam de ideias de fora do Vale do Silício. Publicaram uma
reportagem em janeiro de 2007. É um carimbo do mercado dizendo que o negócio é
interessante.
Recebi contato de muito investidor
querendo ser parceiro de negócio. Quem mais me agradou foi o pessoal da
Monashees. Quando fechei com eles, tinha 20 anos, não sabia contratar, nem
emitir nota fiscal. Sabia apenas programar.
Eu era um programador querendo fazer
algo que achava interessante, mas não tinha noção de que ia virar uma empresa,
que atingiria 65 milhões de pessoas com 3 bilhões de anúncios por mês.
Como eu não tinha visão de negócio,
eles me apresentaram a Marcos Tanaka, hoje presidente-executivo da empresa. Ele
fazia consultoria estratégica para marcas como Itaú e Coca-Cola.
Larguei a universidade e o emprego e
fui para São Paulo. Morei na casa de uma amiga durante três meses. Fiquei num
albergue por um ano. Lá dividi um quarto por seis meses com quatro pessoas;
depois aluguei um só para mim. Morando em um albergue, quarto mofado, a cama
horrível, comendo Miojo quatro vezes
por semana, era isso que eu queria mudar. Coisa que eu nunca pensei quando
estava no Gama. Só em 2011 fui morar sozinho. Sozinho, não, porque acabei de
casar.
Inicialmente, achei que a boo-box anunciaria produto, não marcas.
Nossa ideia era trabalhar com e-commerce, com venda direta de produtos. Mas as
agências de publicidade se mostraram mais interessantes. E favorecia a audiência,
por causa do conteúdo que eles produzem.
Achei que fecharíamos os primeiros
contratos em três meses e ter receitas sólidas. Mas demoramos 18 meses.
Crescemos a ponto de nos tornarmos
lucrativos em 2010. Tanto que a Intel Capital nos escolheu para fazer
investimento. Foram US$ 77 milhões divididos entre 18 empresas; a boo-box foi a
única brasileira. Já não somos uma "startup"
[empresa iniciante]. Temos conselho administrativo. Acabamos de criar o Grupo
42, com a Popego, para, da Argentina, atuarmos na América Latina inteira.
Ser empreendedor é um estilo de vida.
Não tem essa de desligar o computador na sexta e só ligar na segunda.
No nosso caso, toda mídia é
concorrente. Mas ninguém com um produto semelhante. Cooperamos muito com quem
seria concorrente nosso. O Google ora é nosso concorrente, ora nosso parceiro.
Essa concepção antiga de competição não funciona bem na internet."
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