ENSAIO PROTO-EVANGELHO E
PACTO DA GRAÇA –
A Salvação - Início Com o Homem
Pastor Prof. Docente OSVARELA
“O primeiro Pacto feito com o homem era um pacto de obras; neste pacto
foi a vida prometida a Adão e nele à sua posteridade, sob a condição de
perfeita obediência pessoal; O homem, tendo-se tornado pela sua queda incapaz
de vida por esse pacto, o Senhor dignou-se fazer um segundo pacto, geralmente
chamado Pacto da graça; nesse pacto ele livremente oferece aos pecadores a vida
e a salvação por Jesus Cristo, exigindo deles a fé nele para que sejam salvos;
e prometendo dar a todos os que estão ordenados para a vida o seu Santo
Espírito para dispô-los e habilitá-los a crer.” – Confissão de Fé de
Westminster (1649) – Capítulo VII – I-II- Do Pacto de Deus com o
Homem.
Iniciamos
este ensaio com o texto da CFW, pois toda a formulação da mesma quanto ao seu
sistema teológico é fundamentada sobre o entendimento pactual. [i]
Gênesis – Capítulo 3.15: “E porei inimizade entre ti e a
mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar”.
O
contexto em que encontramos o pronunciamento do Proto-Evangelho é um contexto
de queda, aonde o homem e a mulher – Adão e Eva – são personagens influentes na
ação divina da criação. Colocados como vice-gerentes da criação com mandatos
especialmente criados para eles, tendo em vista as suas características de
semelhança à divindade de Deus, o homem e a mulher exerciam toda atividade que
lhes foi concedida por Deus, na esfera da criação.
A
ação da serpente/Satanás representante do Reino Parasita, junto as criaturas
que eram representantes autorizados da divindade de Deus; sabedores da vontade
de Deus, pois haviam recebido instruções para sua vida e serviço através do
Triplo Mandato: cultural, social e o espiritual, desobedeceram a lei de Deus
Yahweh[ii], isto transformou a relação existente entre Deus e o homem, pois
através da Queda houve o rompimento desta relação, com conseqüências
desastrosas para o Homem e por efeito federativo para toda a humanidade e
Criação.
A
excelência da Soberania divina é ressaltada nesta histórica passagem, quando em
aparente contradição pelo pronunciamento das maldições (‘arur) sobre o Homem, a
mulher, a serpente/Satanás, e ao solo.
Deus
pronuncia as maldições, cumpre a sua Justiça, qualidade inerente à sua
personalidade e caráter, com atos de banir e separar, o homem e a mulher do
Éden, removendo-os da esfera da benção e da ação desta na sua vida diária e
eterna.
Mas
Deus dentro dos limites do seu amor, mitigou as maldições do homem, da mulher e
do solo, preservando ou dando condições para preservação de sua obra e concedendo-lhes
a oportunidade de resgate e retorno ao seu convívio, muito embora, mesmo após a
queda, Deus tenha dado continuidade de sua visitação ao homem, não privando-o
de sua presença.
O
pronunciamento da sentença de maldição contra a serpente/Satanás, contudo,
trouxe no seu bojo a alvissareira boa-nova para o homem e a mulher que mesmo
caídos puderam ter a revelação de Deus em seu propósito salvítico para com toda
a sua Criação e especialmente para com os seus vice-gerentes.
O Kerigma da Graça:
“E porei inimizade entre ti e a mulher, e
entre a tua semente e a sua semente;”
A
inimizade estabelecida por Deus entre o seu Reino e o reino parasitário do mal
composto por Satanás e seus seguidores, representado pelas suas sementes;
Quero
destacar em separado, a questão da semente da mulher, ou seja, Deus estabelece
que da própria criatura ferida, ofendida, conspurcada, banida de sua habitação
natural - Éden, ele pode estabelecer algo tão poderoso, que através desta
geração germinal, a semente da mulher caída, será utilizada como obra de
regeneração, mostra a maldição mitigada, pois é ainda alvo da utilização como
agente do reino divino contra o mal, vejamos, à seguir;
“esta te ferirá a
cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”
A
ação da maldição sobre a serpente e aqui, também diretamente a Satanás, será
definitiva com o esmagamento de sua cabeça e imposição de uma derrota final e
aniquilamento de suas forças, representativas e agentes do reino parasita.
Muito
embora, aparentemente haja uma ação danosa de Satanás sobre a semente da mulher
– “esta te ferirá a cabeça”, contudo a
vitória da semente da mulher é garantida com o aniquilamento de Satanás, isto
aconteceu com o sofrimento de Maria, mãe de Jesus Cristo, quando de sua morte
na Cruz, onde ali, a serpente lhe fere o calcanhar e causa o sofrimento da
mulher.
Contudo
devemos ainda esclarecer alguns pontos:
A
morte anunciada por Deus pela desobediência – “tu és pó e ao pó voltarás”
(Gn.3.19), acontece conforme Deus anuncia, mas o “kerigma” de Gn.3.15, permite
a Adão e a mulher vislumbrarem uma saída pela própria declaração do “gospel”
edênico, como podemos constatar em Gn.3.20 “porque ela é a mãe de Kal Hay (toda
a vida ou viventes)”, houve esperança para o homem caído, vejamos também a
declaração de Eva: Gn.4.1.
A
proclamação do Proto-Evangelho torna-se assim a proclamação de um Pacto, o
Pacto da Graça, que Deus dispensou a obra de suas mãos, o homem e a mulher
caídos, mas ainda alvo de seu amor (a “hesed”
divina), embora condenados, agora podem esperar a solução através da revelada e
proclamada, Graça de Deus, que através de um Pacto incondicional mostra-se,
como é, revelando ao homem a sua “hen”, a então desconhecida Graça, demonstrada
neste novo Pacto.
[i]
Texto de Aula 3 – Prof. Mauro Meister – desenvolvimento: É possível um centro
unificador?
[ii]
Texto de Aula 10 – Prof. Mauro Meister – Protoevangelho
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