Continuação...
O Protocolo de Jerusalém.
Problema:
Atos 6.1,2. ORA, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
Temos na inicial do texto canônico lucano a posição, inicial de um problema, aliás, diga-se de passagem, um problema que muitas Igrejas de hoje gostariam de ter, o explosivo crescimento da membresia salva.
A questão surge quando os Apóstolos, veremos no texto que são os Ministros da Igreja, são notificados pelos gregos, que as suas viúvas estão sendo preteridas em favor das da circuncisão.
Lucas descreve o problema com certo ar de gravidade:
Ele coloca na narrativa, dois termos fortes:
Viúvas:
Murmuração e Desprezadas.
“Houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano”.
E isto se dá da forma mais grave, pela murmuração.
E se agrava pelo desprezo.
Eis aí uma visão para quem cuida de Assistência Social nas Igrejas [como se isto fosse obrigação de uma única pessoa...].
Quem é atendido pela Assistência Social não pode sequer imaginar, como vi em uma igreja na qual congreguei, que está sendo objeto da fala entre dentes – murmuração, ou sendo pela sua situação de necessidade, objeto de desprezo, tratado com inferioridade, como indignidade, ou seja, a pessoa atendida pela Assistência Social não pode sentir-se inferiorizada, pois ela mesma, muitas vezes, já se sente interiormente, sem que ninguém a trate assim, mas com dignidade total, primeiro por ser membro do Corpo de Cristo, segundo por que está fragilizada, seja por doença, velhice, desamparo familiar, por desemprego, etc.
Mas, Lucas vai inserir a questão da responsabilidade posteriormente.
Desta posição, Lucas vai nos dar o entendimento de que a Assistência Social é sim, um assunto divino e teológico.
Lucas insere na narrativa a palavra ‘ministério’ – ministério cotidiano, o que aponta para um atendimento diário, como o era, por parte de quem?
Dos Ministros, isto é, dos Apóstolos.
Eis a situação: os Apóstolos que realizavam sinais e maravilhas impunham as mãos e os doentes eram sarados, no centro da questão, e da murmuração, a qual os colocava como autores do desprezo.
Afinal, eles eram a liderança e condutores do povo do Caminho.
Devemos lembrar que o Colégio Apostólico era formado pelos doze, após a inclusão de Matias, no lugar de Judas O Iscariotes.
É necessário ter esta amplitude da ação, pois os nomes mais contundentes na narrativa lucana, assim como no Ministério de Jesus, são os nomes dos que faziam parte do chamado Círculo Íntimo – Pedro, João e Tiago.
Estes homens cheios de poder, foram o alvo da primeira questão interna da Igreja, pelo meio mais inesperado:
Deixar de atender aos que necessitavam e acusação de fazer acepção de pessoas.
Creio que esta seja uma repetição ou marca do ministério petrino – a onipresença até da parte de Deus sobre esta questão em seu ministério.
Isto está latente na vida Ministerial de Pedro.
Atos 10.34. E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas;
1Pe.1.17. E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação,
Assim também, ocorre com nossos líderes, se alguém deixa de ser atendido a culpa sob rápido as escadarias do templo até chegar a cadeira central do púlpito, o pastor ou dirigente da Igreja.
Equacionando o Problema:
2 E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
3 Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.
4 Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.
Os apóstolos unidos resolvem iniciar uma nova etapa na forma de satisfazer a equanimidade de entrega dos bens necessários a todos, gregos e hebreus, prosélitos, e de todas as raças.
Inicia-se assim na Igreja, um novo ministério.
O Ministério do Socorro, para que não houvesse o detrimento do Ministério da palavra.
Sob a ótica da Grande Comissão, o Escritor Lucas mostra a grandeza dos Apóstolos, num momento crítico de murmuração, por falta de atendimento.
O equacionamento do ocorrido é colocado sob uma pauta do Ministério Apostólico.
Esta pauta tinha uma hierarquia ministerial a ser cumprida.
A Igreja de hoje precisa colocar a sua pauta em situação hierárquica.
Priorizar é função Ministerial.
Em todos os setores devemos ter homens e mulheres verdadeiramente chamados e direcionados pelo Espírito Santo.
Priorizando alguns pontos fundamentais segundo a ótica do Ide. Mc. 16.15.
Desta maneira, se fundamentou o Ministério Apostólico, há uma Agenda Evangelístico-Crística a ser cumprida em todo o Corpo da Igreja.
1- Palavra.
Ministério da Palavra, na amplitude do seu espectro sob as ordens de Jesus Cristo.Tinham certeza e confiança. naquilo para o qual foram chamados.
2- Evangelização, á partir de um ponto central, sob a égide de Jerusalém.
3- Atendimento as almas agregadas e acrescentadas pelo Senhor, à Igreja.
4- Para isto se faz necessário acrescentar alguns outros homens, sob as ordens do Ministério Apostólico.
Surgimento do ministério da Assistência Social.
Diakonia – servidores.
5- Estes homens devem ser Cheios do poder.
6- A questão deve ser tratada com cuidado pela sua importância no seio da Igreja. “5 E este parecer contentou a toda a multidão...”
7- O parecer do ministério foi aprovado unanimemente; esta é a ótica lucana, que ressalta sempre a unanimidade da comunhão, pela Igreja. Mostra que não devemos ser paternalista nestes assuntos, mas envolver a Congregação na solução do problema, confiar e demonstrar isto chamando outros ‘menores’, para atividades no ministério.
Sob esta Ótica é que colocamos a questão:
A Assistência Social, a partir da Igreja Apostólica é de fato uma questão da Teologia -
A Assistência Social é uma Questão Teológica, no sentido puro da teologia que fala do entendimento das coisas da Igreja na ótica de Deus.
Assim, estes primeiros homens envolvidos na Assistência Social, deveriam atender dentro do equacionamento Apostolar, a noção básica dos Apóstolos de Cristo:
“3 Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio”.
Ao ler este texto bíblico entendo os escritos paulinos, sobre a reputação dos chamados para a Obra, aos quais os Ministros impõem suas mãos. - homens de boa reputação -.
E na ótica da Igreja dos Apóstolos, estes homens devem ser orientados pelo conhecimento, discernimento, revelação, e dons que os façam realizar esta Obra sob a direção do Espírito Santo. - cheios do Espírito Santo e de sabedoria -.
Is. 11.2. ...o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor.
Assim, o que chamamos de Protocolo de Jerusalém, para esta questão apresenta algumas respostas para a Igreja de hoje.
Observação:
Alguns estudiosos creditam este tipo de assistência entre a Igreja, com modelo utilizado na Congregação dos israelitas, com o uso da “tigela dos pobres” – a ‘tamhuy’ – Esta era a distribuição diária de comida, fornecida aos sem teto – homeless.
E a cesta dos pobres – a quppah – já esta era a distribuição semanal de comida e roupas para as famílias pobres.
Os estudiosos destacam que aparentemente eram servidas duas refeições diárias, como era o costume dos judeus, talvez, ilação minha, este não fosse o costume das viúvas gregas, que assim, sentiam esta falta e se achavam desprezadas.
A Igreja era composta agora, derrubada a parede de separação por Cristo, de israelitas fariseus, saduceus, sacerdotes, judeus gregos – os helênicos [Grécia = Hellas]- isto podia se refletir na comunhão e no medo das viúvas conhecedoras, de que os fariseus desprezavam os helênicos, assim fica um hiato não narrado por Lucas, ou outro escritor bíblico, sobre a veracidade da murmuração, em seu fundamento, por ser murmuração, já indica um caminho, mas não posso afirmar isto, sobre o que não está escrito.
A – um grupo novo de apoio ao Ministério, para atender a Igreja, nesta área.
Escolheram sob a direção do Espírito Santo homens de nomes gregos e falavam esta língua.
Estevão - O COROADO.
Felipe - O QUE GOSTA DE CAVALOS.
Timão - Aquele que honra `a Deus`
Pármenas - Firme
Nicolau – prosélito, isto é, segundo o antigo padrão gentio. Povo vitorioso.
Continuação do tema:
A palavra "diácono" vem de uma palavra grega – diakonos –
Há palavras similares, no NT para a função:
São diakonia (ministério ou diaconato);
E diakoneo (servir ou ministrar).
"Diácono" quer dizer "atendente" ou "servente". Trabalham nos bastidores servindo e ministrando às necessidades das pessoas.
A mesma palavra descreve escravos, empregados e obreiros voluntários.
A ênfase não está na posição da pessoa, mas no servo em relação ao seu trabalho.
No NT temos diakonia [distribuição] como serviço da Igreja.
Diácono - do grego antigo διάκονος, ministro, ajudante.
O Apóstolo Paulo vai depois descrever as qualificações adicionais, advindas da escolha destes homens chamados cheios do Espírito Santo.
Filipenses 1:1; I Timóteo 3:8-13 - as duas referências específicas ao "ofício" de diácono.
1 Tm.3.8-13. "Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis [...]O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus".
Fica claro a ação protocolar da Igreja mãe em Jerusalém, e de sus colunas:Pedro, Tiago e João.
É o que podemos chamar de Modelo de Organização da Igreja no Novo Testamento.
Inicia-se uma tradição, ou costume de apoio entre a Igreja, que vai consolidar-se até mesmo para o Apóstolo Paulo –
Gl.2. 9,10. ...e quando conheceram a graça que me fora dada, Tiago, Cefas e João, que pareciam ser as colunas, deram a mim e a Barnabé as destras de comunhão, para que nós fôssemos aos gentios, ... recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres; o que também procurei fazer com diligência. –
Lucas relata no livro texto do trimestre:
At. 24.17. Vários anos depois vim trazer à minha nação esmolas e ofertas.
Espalhou-se o modelo protocolizado em Jerusalém, no texto desta Lição.
Rm.15. 26. Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém.
Mesmo os mais pobres se cotizam para ajudar.
Conclusão:
Este estudo e esta lição nos ensinam que a Obra de Deus tem sim uma obrigação de socorrer os necessitados.
Ainda que se possa criticar as autoridades, acusa-los de mau uso dos tributos, da mesma forma que a Igreja de Pedro, Tiago e João poderia faze-lo, devemos acompanhar a Igreja Primitiva.
Sendo concordes nas nossas necessidades.
1Pe.4. 10. servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.
Grego. που εξυπηρετούν ένα άλλο, όπως το δώρο που ο καθένας έλαβε, ως καλοί διαχειριστές της πολλαπλής χάριτος του Θεού.
Sendo ajudadores dos pobres.
Deve ser estendida a qualquer um que tenha necessidade. At.4. 35. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade.
O Apóstolo Paulo nos ensina que a beneficência será sempre vista como liberalidade e não como extorsão.
Precisamos entender isto.Muitos se aferram, no momento de contribuir nesta área, alegando:
Desleixo de quem precisa;
Falta de organização
Desvios e outras coisas, se nos atermos a estas ‘picuinhas’ dentro do seio cristão, somos só mesquinhos e no dia da adversidade seremos alvo fácil de nossa própria mente.
2Co.9.5,9.Portanto, julguei necessário exortar estes irmãos que fossem adiante ter convosco, e preparassem de antemão a vossa beneficência, já há tempos prometida, para que a mesma esteja pronta como beneficência e não como por extorsão. Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres;
Aprendemos que a prática Assistencial social é antes de tudo uma demonstração da Caridade cristã em ação e produz glorificação a Deus, pelos atendidos.
2Co.9.12,13. Porque a ministração deste serviço não só supre as necessidades dos santos... eles glorificam a Deus pela submissão que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade da vossa contribuição para eles.
Entendendo que esta obra Assistencial é sobre tudo uma Obra do Amor de Deus com os necessitados, como éramos na vida espiritual e ele nos deu a maior provisão: Seu Filho, para nos enriquecer com vida Eterna.
Examinarmos-nos para ver onde, e como estamos falhando, procurando agir como Paulo em sua ida a Jerusalém e: “... recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres; o que também procurei fazer com diligência”.
Sermos diligentes no cuidado desta área da Igreja.
Aprendendo que a necessidade da viúva, seja ela grega, gentia ou hebréia, no sentido da figura bíblica, não pode esperar ter a sua mesa abastecida com o que lhe falta.
E pior, isto pode trazer confusão, com murmuração, ao seio da Igreja e perturbar aos Ministros, no seu dever principal: Ministrar a Palavra de Deus para que Deus possa envia-los a Samaria onde muitos ‘Felipes’ estão evangelizando os samaritanos, que esperam os sinais e maravilhas a serem realizadas entre eles, e Deus os conceder a esperança da vida eterna.
Pense:
Fonte:
Dennis Allan
Jabesmar Guimarães
Bíblia Plenitude
Bíblia Chamada
Bíblia digital – cortesia Tio Sam
Vivos
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento.
Cristiano Neto
Apontamentos do autor.
E outras indicadas neste texto e na 1ªparte.
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