Uma fatwa (senteça religiosa) sobre o destino do corpo e sepultamento de Gadafi e seus filhos, acaba de
ser divulgada em Trípole [capital
líbia].
Para Sheykh al Sadeq al-Gharyan, novo mufti (chefe religioso) da Líbia,
não se pode conferir a Muammar Kadafi, um
funeral islâmico porque ele não era um crente!
>CNT diz que lei islâmica será a base de novo governo da Líbia
"Qualquer lei que contradiga a sharia islâmica é nula e vazia, legalmente falando", diz líder do Conselho Nacional de Transição - BBC Brasil | 23/10/2011 17:44
"Um
exemplo é a lei de casamento e divórcio, que restringe a possibilidade de ter
múltiplas esposas. Essa lei vai contra a sharia
islâmica e será rejeitada."
O
secretário-geral da Otan, Anders
Fogh Rasmussen, comemorou a declaração de liberdade e pediu "uma nova Líbia inclusiva, baseada na
reconciliação e no total respeito pelos direitos humanos e pela lei".
A implantação da sharia como
‘Constituição’ da Líbia pós-Gadafi representa uma consolidação, em Bloco, do
Islã nas regiões do Oriente e África próxima.
Em tese significa para o ocidente,
mais uma barreira impedindo a ação dos países ocidentais na região e maus força
contra o Estado de Israel.
O que era apoiado pelas potencias
ocidentais e pela ONU [inclusive com apoio bélico, que resultou na captura do
ditador e queda do seu Regime] – a queda do ditador Gadafi pode se transformar
em mais uma vitória de Pirro.
A sharia fortalece a mesma base de
dominação e apoio do ditador morto: os lideres tribais e os clérigos que
determinam, por este tipo de lei religiosa, penas extremamente cruéis ao que
infringem simples normas comportamentais.
Por exemplo: uma mulher andar sem a
companhia de um homem, nem que seja um menino.
Pode ser agredida, pelos guardas da
lei, qualquer cidadão, do sexo masculino.
Pode receber chibatadas, tapas no
rosto, até pelos próprios irmãos, em nome da honra da família.
O líder do Conselho Nacional de
Transição (CNT) da Líbia, Mustafa Abdel Jalil, disse neste domingo que a sharia
(lei islâmica) deve ser a base para o novo governo da Líbia. "Qualquer
lei que contradiga a sharia islâmica é nula e vazia, legalmente falando",
disse Jalil, durante a cerimônia em que o governo interino declarou
oficialmente a libertação do país.
A cerimônia aconteceu em Benghazi,
berço da revolta contra o regime ex-líder Muamar Kadafi, diante de milhares de pessoas. Kadafi foi morto na última quinta-feira, depois de
ser capturado pelas forças do CNT, apoiadas pela Otan, em sua cidade natal,
Sirte. No entanto, o governo interino sofre pressão para dar início a uma
investigação sobre o momento da morte do ex-líder líbio.
Nesta sexta-feira, a secretária de
Estado americana, Hillary Clinton, reforçou o pedido de inquérito sobre as
circunstâncias em que Khadafi foi morto. Hillary disse que, apesar de entender
o alívio do povo líbio, ninguém quer ver um ser humano nestas condições,
referindo-se às imagens que mostram Khadafi com forte sangramento e pedindo por
sua vida.
'Irmãos unidos'
Durante a cerimônia, o vice-diretor
do CNT, Abdel Hafiz Ghoga anunciou que a Líbia havia sido libertada, dizendo:
"Declaração de liberação. Levante sua cabeça. Você é um líbio livre".
Em seguida, milhares de vozes
repetiram a frase "Você é um líbio livre" em uníssono.
Um líbio livre de Gadafi e o seu
futuro, qual a garantia de liberdade?
Religiosa, de direitos humanos, das
mulheres, dos cristãos?
Sem dúvida haverá um acirramento da
situação na Líbia.
Seja por conta da situação atual, da
divisão das etnias tribais, das facções islamitas, que disputarão cada naco do
poder, de forma ferrenha.
Que pode resultar em danos
materiais, de vida e tragédias para os que perderem poder nesta disputa e
escolherem o lado errado, no primeiro momento.
Sem destacar as parcelas que
seguiram com o ditador morto, até ao último minuta, principalmente os cidadãos
de sua aldeia – Sirte e seus chefes tribais regionais.
Para
Sheykh al Sadeq al-Gharyan, novo mufti (chefe religioso) da Líbia,
não se pode conferir a Muammar Kadafi, morto quatro dias atrás em Sirte, um
funeral islâmico porque ele não era um crente: - “Ele não era um crente islâmico.
Negava as tradições e as suas palavras indicavam que havia abandonado a
comunidade muçulmana”.
A fatwa (senteça religiosa) acaba de
ser divulgada em Trípole [capital
líbia].
Gharyan advertiu
que apenas
os parentes poderão orar por Kadafi, que, na ditadura e para se
promover, anulou manifestações tradicionais que celebravam a vida do profeta
Maomé.
Para o mufti, o
coronel Kadafi poderá ser enterrado em cemitério islâmico, mas num lugar
desconhecido.
Para o novo
mufti, a campa em lugar desconhecido evitará que “exploda uma guerra civil
entre os líbios e impedirá que o lugar da campa se transforme em lugar de
peregrinação”.
O novo
mufti substitui a Khaled Tantusch, preso em 12 de outubro pelas forças
rebeldes e com aprovação do Conselho Nacional de Transição.
Pano Rápido. Com
a entrada do novo mufti em cena, muda-se a orientação do governo
provisório de que o corpo seria entregue ao chefe da tribo e familiares
de Kadafi.
A fim de
compensar, o governo provisório anuncia a abertura de uma investigação sobre a
execução do antigo raís (palavra árabe que significa chefe). –Wálter Fanganiello Maierovitch–
Para você
emtender o que ocorre com o Estado Líbio, após esta declaração de que a lei
vigente é a sharia leia este artigo do iminente jurista e professor Dr. Walter
F. Maierovitch, em seu blog, no Terra Magazine.
Uma fatwa já foi
lançada sobre as condições de sepultamento e destino do morto – Gadafi e seus
filhos:
Foram
desconsiderados como ‘não crentes’.
Isto significa
uma posição que serve como explicação para exposição pública do corpo de Gadafi
e s de seu filho, além do ex—Chefe do Estado Maior do antigo governo.
É uma forma de
dar razão ao não cumprimento da lei islâmica, ou seja, todo muçulmano morto,
deve passar por um ritual, que inclui uma ablução – lavagem – de todo o corpo e
sepultado após 24 horas.
Após esta
declaração de uma fatwa contra Gadafi é uma forma de assegurar que a Líbia
continuará sendo governada com mão de ferro, não mais de Gadafi, mas dos
Clérigos, e dos tribunais religiosos.
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