Uma
filha digna do Pai.
Jer 9: 1 Então
choraria de dia e de noite os mortos da filha do ... povo.
Jer 9:21 Porque
a morte subiu pelas nossas janelas, e entrou em nossos palácios, para
exterminar as crianças das ruas e os jovens das praças.
Avisos Na Terra!
Até hoje, infelizmente todos, só sabiam (acabaram sabendo) quem era Santiago Andrade um jornalista que
trabalhava na área como cinegrafista da BAND emissora de TV brasileira.
Ontem,
ele morreu após ser assassinado, ao exercer o seu ofício, cobrir como cinegrafista uma
manifestação, hoje a filha que está no mesmo ramo do pai se mostrou de uma
dignidade impar, ao narrar os últimos momentos do pai e da sua relação pai e
filha.
A partir de hoje a sua voz
se chamará Vanessa
Andrade!
Leiam
a carta na qual ela se apresenta, como filha!
É
daquelas narrativas que nos fazem pensar felizes que o amor jamais se acabará.
Chamei-a de filha digna.
É
isto, que me faz pensar o quanto Deus é Amor e compartilhou este amor entre
nós.
O
amor da família, do pai, das mães que nos últimos dias neste Brasil vem
sofrendo com a permissividade da violência que lhes rouba os frutos dos seus
ventres.
O amor de filhos e filhas
como Vanessa Andrade, que sei há muitas “Vanessas”, ainda neste Brasil, mas a violência
lhes cala a voz.
Mas,
esta Vanessa Andrade consegue ser a voz de todas “Vanessas”,
que perdem seus pais, filhos, irmãos, irmãs e amigos sob o fogo cruzado da
violência que atinge o Estado e ao mesmo tempo é fruto do Estado, e estado
permissivo com a corrupção, como desmando, com a falta de direitos mínimos como
um prato de comida, uma cama no hospital, uma vacina no posto de saúde, uma
vaga na creche ao lado de suas casas.
Bendito
amor de filha escrito pelas mãos de Vanessa Andrade!
“Honra o teu pai e tua mãe,
para que te vá bem e se prolonguem os teus dias na terra”. Êxodo 20.12
‘Quando decidi ser jornalista, ele quase
caiu duro’.
AINDA que eu falasse as línguas dos homens e
dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que
tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e
conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna
para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é
invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus
interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a
verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta.
O amor nunca falha;
Vanessa
Andrade, filha do cinegrafista Santiago Andrade, que teve morte cerebral Foto:
Reprodução Facebook
“Meu
nome é Vanessa Andrade, tenho 29 anos e acabo de perder meu pai. Quando
decidi ser jornalista, aos 16, ele quase caiu duro. Disse que era profissão
ingrata, salário baixo e muita ralação. Mas eu expliquei: “Vou usar seu
sobrenome”. Ele riu e disse: “Então pode!”
Quando fiz minha
primeira tatuagem, aos 15, achei que ele ia surtar. Mas ele olhou e disse:
“Caramba, filha. Quero fazer também”. E me deu de presente meu nome no
antebraço.
Quando casei, ele ficou
tão bêbado, que na hora de eu me despedir prá seguir em lua de mel, ele
vomitava e me abraçava ao mesmo tempo.
Ele me ensinou muitos
valores. A gente, que vem de família humilde, precisa provar duas vezes a que
veio. Ele me deixou a vida toda em escola pública porque preferiu trabalhar
mais para me pagar a faculdade. Ali o sonho dele se realizava. E o meu
começava.
Essa noite eu passei no
hospital me despedindo. Só eu e ele. Deitada em seu ombro, tivemos tempo de
conversar sobre muitos assuntos, pedi perdão pelas minhas falhas e prometi
seguir de cabeça erguida e cuidar da minha mãe e meus avós. Ele estava
quentinho e sereno. Éramos só nós dois, pai e filha, na despedida mais linda
que eu poderia ter. E ele também se despediu.
Sei que ele está bem.
Claro que está. E eu sou a continuação da vida dele. Um dia meus futuros filhos
saberão quem foi Santiago Andrade, o avô deles. Mas eu, somente eu, saberei o
orgulho de ter o nome dele na minha identidade.
Obrigada, meu Deus,
porque tive a chance de amar e ser amada. Tive todas as alegrias e tristezas de
pai e filha. Eu tive um pai. E ele teve uma filha.
Obrigada a todos. Ele também
agradece.
Eu sou Vanessa Andrade,
tenho 29 anos e os anjinhos do céu acabam de ganhar um pai”.
*O
texto foi escrito em primeira pessoa
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