Adoração Nas Escolas – Um Movimento Que Cresce No Brasil
Um Movimento que tem crescido e
tem repercussão em eventos recentes nas universidades americanas, com reuniões
de horas com alunos agora surge com força nas nossas escolas públicas, o
movimento de cultos e reuniões de adoração, e Worship, nos períodos ou intervalos das aulas e
recreio.
Tem sido usado para ajudar aos
alunos de confissão evangélica ou não que voluntariamente possam se ajuntar ou
assistir as reuniões no ambiente escolar e dar aos jovens alunos e mesmo a
professores um espaço e tempo de reflexão da Fé.
Worship é
uma palavra inglesa que significa "adoração". No meio
gospel, também é o nome de um estilo musical. O que é worship?
Nos
Estados Unidos e em outros países de língua inglesa, a expressão ‘worship
service’ é usada para indicar, literalmente, o serviço de adoração. Em
outras palavras, é o equivalente ao culto aqui no Brasil.
Pensando
nisso, os louvores que acompanham esses momentos de oração
passaram a ser chamados, lá fora, de “worship music”. Assim, essas canções
recebem a classificação de “worship gospel”. Os louvores de worship
simplificam as mensagens bíblicas, com palavras e expressões mais fáceis de
serem entendidas pelo público. A experiência pessoal com Deus
e o Divino também aparecem bastante, com a intenção de aproximar o ouvinte da
vida em Cristo.
O Movimento tem se expandido em
19 Estados da Federação, com desataque ao movimento em Pernambuco e Goiás e
Roraima.
"A
escola é o nosso maior campo missionário", afirma Douglas, que é cantor e
pastor da Assembleia de Deus e que realiza reuniões em escolas em Goiás.”
Embora seja criticado, o que acho
normal, pois os jornalistas que realizam as reportagens, e acabam divulgando o
movimento, são jornalistas seculares em sua maioria.
Em algum ponto é discutida a laicidade
do Estado, o que é muito e sempre, questionada, tendo em vista que no
Brasil é comum em eventos e em lugares públicos a participação de clérigos e sacerdotes
ou lideranças religiosas em eventos e em inaugurações.
Alguns países têm religião de
Estado e assim não são laicos, países ortodoxos (Rússia), caso da Grécia,
países islâmicos, e outros.
E a laicidade tem por si
mesmo, o significado que, se o Estado não impõe uma religião dá direito de
culto a seus cidadãos, ou seja, um Estado secular ou Estado laico é um conceito
do secularismo onde o poder do Estado é oficialmente imparcial em
relação às questões religiosas:
“Um
Estado laico é aquele que não se vincula a nenhuma religião, garantindo a
liberdade de culto e a igualdade entre os cidadãos.” A
Constituição de 1891, no Brasil, foi a primeira a garantir a liberdade
religiosa
Características
O Estado
laico não adota uma religião oficial
O Estado
laico não privilegia ou preteriu crenças
O Estado
laico protege a liberdade de culto
O Estado
laico não justifica ações políticas em divindades
Segue a reportagem, editada com
edição. A fonte é citada e indicado o link para acessar as reportagens.
Intervalos de louvor: devocional
entra na rotina das escolas públicas
Adriana Ferraz - Do UOL, em São
Paulo - 28/01/2025 05h30
Os chamados devocionais, momentos
de adoração fora das igrejas, chegaram com força às escolas brasileiras
—públicas e particulares, mesmo as não religiosas.
Comuns entre evangélicos, que os
praticam individualmente ou em grupo, eles vêm crescendo em popularidade em
livros, podcasts, vídeos e postagens na internet.
Em colégios, crianças e
adolescentes se reúnem em intervalos para fazer leituras bíblicas, cantar
músicas e ouvir pregações.
Os encontros podem ser pequenos e
organizados pelos próprios alunos, de forma espontânea, ou contar com
convidados e apresentações.
Segundo levantamento do UOL, isso
já ocorre em colégios de ao menos 19 estados.
O fenômeno vem acendendo debates.
O 19º artigo da Constituição brasileira determina que escolas administradas
pelo Estado estão proibidas de apoiar cultos ou igrejas, salvo por interesse
público.
A discussão já chegou ao
Ministério Público e ao Congresso. Já existe um projeto de lei para liberar
atos religiosos voluntários em escolas, incluindo os devocionais, sob pena de
multa ao gestor que vetar o encontro.
Para entender o fenômeno, a
reportagem ouviu mais de 15 pessoas, entre juristas, professores,
influenciadores, pais e alunos, que divergem. Uns criticam eventuais excessos,
outros pregam liberdade religiosa.
Uma pesquisa na internet com os
termos "devocional nas escolas" ou "intervalo bíblico"
revela centenas de vídeos e até orientações sobre como falar do Evangelho no
ambiente escolar.
Em São Paulo, alunos da Etec
Guaracy Silveira, em Pinheiros, criaram um grupo fixo que se reúne às
quartas-feiras.
Na Escola Estadual Sylvio
Rabello, no Recife, os encontros também são semanais e acontecem desde o começo
de 2024.
Na Escola Estadual Guiomar de
Vasconcelos, em Canguaretama (RN), as atividades são divulgadas em um perfil no
Instagram, que mostra o grupo sempre reunido em uma área ajardinada do colégio.
Com o aval dos diretores, os
alunos usam microfones, espaços de uso comum —como bibliotecas e quadras
poliesportivas— e recebem convidados, muitas vezes líderes religiosos.
Mas, segundo especialistas e
educadores, a falta de norma para esse tipo de atividade pode levar a excessos.
"O movimento é feito sob
orientação de lideranças evangélicas, neopentecostais, que transformam
intervalos em cultos. Isso incomoda alunos e familiares que não compartilham da
mesma fé", afirma o professor Marcondes Rodrigues, da rede estadual em
Paudalho (PE).
O professor e pesquisador
Fernando Cássio, da Faculdade de Educação da USP, ressalta que o Estado é
responsável pelo que acontece nas escolas públicas.
"Não se pode permitir que
encontros dessa natureza interfiram na rotina, seja a partir do uso de música
alta ou de tentativas de imposição de uma fé. A escola pública deve ser um
espaço marcado pela diversidade", observa.
A técnica em radiologia Alexandra
da Silva, 41, mãe de uma adolescente de 16 anos que participa de devocionais na
escola, defende os encontros e destaca que só participa quem quer.
"Os alunos que desejam
adorar a Deus se reúnem para orar, fazer a leitura da Bíblia e compartilhar
aquele momento. Faz muito bem à minha filha e até mesmo aos alunos que não são
cristãos e resolvem participar", diz ela.
Estudantes a favor e MP de olho
Críticos afirmam que os
"intervalos bíblicos", populares nas escolas estaduais, podem
configurar ataques à laicidade do Estado.
O debate chegou ao Ministério
Público de Pernambuco em abril de 2024, quando o Sindicato dos Trabalhadores em
Educação do estado (Sintepe) relatou preocupação com a prática.
Foi aberto um procedimento para
"garantir que não haja excessos".
Segundo o promotor de Justiça
Salomão Ismail Filho, isso pode acontecer por meio de música alta, visita de
líderes religiosos e proselitismo (ação de tentar convencer) —vetado pela Constituição.
Por lá, alunos a favor dos
encontros lançaram um abaixo-assinado virtual que já reúne mais de 17 mil
assinaturas, com apoio de parlamentares evangélicos.
“A nossa base é a Bíblia, que,
como todos sabem, não é prejudicial a ninguém. Pelo contrário, a Bíblia promove
e também aumenta a ética de muitas pessoas que são alcançadas pela Palavra.” João
Pedro dos Santos, estudante, em audiência pública na Assembleia Legislativa
de Pernambuco em dezembro de 2024.
Handrielly Soares, 17, que estuda
na Escola Estadual Sylvio Rabello, no Recife, afirma que os encontros são
autorizados pela direção e acontecem em espaços que costumam estar vazios, como
o auditório.
"Podemos utilizar o
intervalo da maneira que quisermos. É um momento livre no qual decidimos nos
reunir para louvar e escutar ou ler a Bíblia sem incomodar ninguém."
Ivete Caetano, presidente do
Sinpro (Sindicato dos Professores de Pernambuco), afirma que a entidade não é
contra manifestações religiosas nas escolas, desde que a laicidade do Estado
seja assegurada.
"A escola deve ser por
excelência um local diverso e de promoção da ciência. É só fazer um paralelo
com a política. Na escola não podemos fazer campanha eleitoral para um partido,
mas podemos discutir as propostas dos candidatos de forma plural", diz.
A Secretaria de Educação e
Esportes de Pernambuco informou que não iria comentar a polêmica dos intervalos
bíblicos. O governo de Raquel Lyra (PSDB) ainda não se manifestou sobre o
assunto.
A escola deve ser por excelência
um local diverso e de promoção da ciência. É só fazer um paralelo com a
política. Na escola não podemos fazer campanha eleitoral para um partido, mas
podemos discutir as propostas dos candidatos de forma plural", diz.
A Secretaria de Educação e
Esportes de Pernambuco informou que não iria comentar a polêmica dos intervalos
bíblicos. O governo de Raquel Lyra (PSDB) ainda não se manifestou sobre o
assunto.
Goiás
Goiânia hoje é referência
nesse tipo de pregação, apesar de os intervalos bíblicos terem virado notícia
em Pernambuco, após o Ministério Público do estado apurar eventuais excessos na
prática.
Vídeos postados na internet
mostram "momentos de cura" em escolas, como os conduzidos pelo goiano
Lucas Teodoro, 21, da Assembleia de Deus.
Lucas criou um grupo chamado
Aviva School, presente em 15 estados, e diz "dedicar a vida" à
evangelização de jovens.
Vídeos postados na internet
mostram "momentos de cura" em escolas, como os conduzidos pelo goiano
Lucas Teodoro, 21, da Assembleia de Deus.
Lucas criou um grupo chamado
Aviva School, presente em 15 estados, e diz "dedicar a vida" à
evangelização de jovens.
Ele critica o debate em curso e
ressalta que ninguém é obrigado a participar.
"Tudo o que acontece é por
livre e espontânea vontade dos alunos. O Estado laico garante a liberdade
religiosa. Como então o aluno não pode ler a Bíblia na escola dele? Como não
pode orar no intervalo?", questiona.
Dos testemunhos de cura aos
cultos no pátio
Em Goiás, é comum escolas
convidarem "missionários influencers" para conduzirem os encontros.
Quadras e ginásios lotados viram
cultos, muitas vezes anunciados como palestras motivacionais e transmitidos
pelas redes sociais.
Outro missionário em escolas é
Guilherme Batista, 35, pastor da Igreja Lagoinha de Goiânia que afirma ter
pregado em cerca de mil escolas país afora.
Em suas redes sociais, ele mostra
menores de idade ajoelhados, chorando e relatando suas dores diante dos
colegas.
Um dos vídeos teve 3,2 milhões de
visualizações no TikTok.
Em nota, a Secretaria de Educação
de Goiás afirmou que as escolas respeitam a diversidade religiosa e de credo e
que não há regra para a realização de palestras de cunho religioso na rede.
A pasta, no entanto, não
respondeu como os influencers evangélicos têm acesso aos colégios.
Colégios cívico-militares também
realizam eventos do tipo.
Professor e policial com Bíblia
na mão
Em Roraima, a Secretaria de
Educação e Desporto libera as instituições a realizar devocionais com a
presença de docentes e policiais contratados, antes do início das aulas.
Policial lê trecho de Bíblia em
encontro devocional em escola de Roraima
Em um vídeo de junho de 2024, o major da PM Luis Oliveira lê trechos da Bíblia a alunos do Colégio Estadual Militarizado Presidente Tancredo Neves, de Boa Vista.
Com a Bíblia na mão e uma arma na
cintura, o oficial convoca os estudantes a concordarem com as citações,
proferindo "amém", e a repetir uma oração ditada por ele.
O governo de Roraima afirmou que
apura a conduta.
Fonte:
https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2025/01/28/intervalos-de-louvor-devocional-entra-na-rotina-das-escolas-publicas.htm?cmpid=copiaecola
Anexo:
O assunto inicial tem sequencia
destacada sobre a atuação de influencers, como são chamados pela mídia não
evangélica e com debate e críticas (normais por serem de jornalistas seculares)
sobre atuação deste novo tipo de evangelismo, com base no worship.
Segundo Douglas, a cidade de
Goiânia hoje é referência nesse tipo de pregação, apesar de os intervalos
bíblicos terem virado notícia em Pernambuco, após o Ministério Público do
estado apurar eventuais excessos na prática.
Estratégia de pregar em escolas é
seguida por outros influencers evangélicos, como Guilherme Batista, Nicole
Abiel Duarte, Milena Amorim e Douglas Borges.
"A escola é o nosso maior
campo missionário", afirma Douglas, que é cantor e pastor da Assembleia de
Deus.
Para ler mais sobre esta outra
discussão clique no link
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