As Causas da Desunião devem ser Eliminadas Lição 8 – CPAD – 23/08/2020

As Causas da Desunião devem ser Eliminadas

Lição 8 – CPAD – 23/08/2020

Estudo Pastor Prof. Univ. Osvarela

“Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.” Salmos 133:1

Neemias 5:;6-12

1-Foi, porém, grande o clamor do povo e de suas mulheres, contra os judeus, seus irmãos.

6- Ouvindo eu, pois, o seu clamor, e estas palavras, muito me indignei.

E considerei comigo mesmo no meu coração; depois pelejei com os nobres e com os magistrados, e disse-lhes: Sois usurários cada um para com seu irmão. E convoquei contra eles uma grande assembléia.

E disse-lhes: Nós resgatamos os judeus, nossos irmãos, que foram vendidos às nações, segundo nossas posses; e vós outra vez venderíeis a vossos irmãos, ou vender-se-iam a nós? Então se calaram, e não acharam que responder.

Disse mais: Não é bom o que fazeis; porventura não andaríeis no temor do nosso Deus, por causa do opróbrio das nações, os nossos inimigos?

Também eu, meus irmãos e meus servos, a juros lhes temos emprestado dinheiro e trigo. Deixemos este ganho.

Restituí-lhes hoje, vos peço, as suas terras, as suas vinhas, os seus olivais e as suas casas; como também a centésima parte do dinheiro, do trigo, do mosto e do azeite, que vós exigis deles.

12-Então disseram: Restituir-lhes-emos, e nada procuraremos deles; faremos assim como dizes. Então chamei os sacerdotes, e os fiz jurar que fariam conforme a esta palavra.

Citação:

“O pior pecado que podemos cometer contra outros seres humanos não é odiá-los, mas sim ser indiferentes a eles: essa é a essência da desumanidade." Uma fala escrita por George Bernard Shaw para o personagem reverendo Anthony Anderson, no segundo ato de sua peça The Devi!'s Disciple [O Discípulo do Diabo].

UNIÃO NA PANDEMIA:

Hoje, podemos sentir o cansaço por estarmos em casa e por toda limitação que este tempo nos pede. Mas vale lembrar que há muitos solitários em suas casas nesta quarentena. Gente chorando a dor de um luto, pessoas lutando para respirar e viver, alguns buscando formas de conseguir alimento para matar a fome e se manter em pé, profissionais que desejariam a proteção de estar em casa. Nesta hora, quando pensamos além de nós, o milagre da unidade acontece. Quando uma mão ajuda a outra mesmo à distância, ou um coração chora com o outro e sente sua dor; quando há oração e intercessão nos conectando a Deus e às pessoas. Assim, estamos unidos e mais fortes! Como o orvalho de Hermon - Reflexões - Pastoral Universitária; Professora Elaine Cezar

Vivamos a União e combatamos a Desunião!

Usufruamos das bençãos da União!

Definições:

O que é União:

União significa a associação ou combinação de vários elementos, semelhantes ou diferentes, com o intuito de formar um conjunto.

União é o ato ou efeito de se unir duas ou mais partes distintas. Uma união pode acontecer de diversas formas, como a ligação ou combinação de esforços e pensamentos para um bem comum, por exemplo.

Junção, ligação e conexão são alguns dos sinônimos da palavra união, e que nos ajudam a entender o significado amplo deste termo.

Por exemplo: a união está na ligação que existe entre os órgãos do corpo humano (Paulo exemplifica a Igreja, como um Corpo, cuja cabeça é Cristo, e os membros do corpo unidos, à Ele, são ligados e importantes, independente da posição), que forma uma grande e competente estrutura física; através da união de duas pessoas configura-se o casamento;

אצל  - ’etsel; (no sentido de união); n. m. ao lado, próximo, perto, junto, proximidade subst.; conjunção, proximidade; ao lado, nas proximidades, contíguo a, do lado.

חבל - chebel ou חבל chebel; n. m. corda, cordão, território, faixa, companhia; união

יחד - yachad; n. m. união, unidade adv.; junto, ao todo, todos juntos, igualmente

Usando um termo grego, por estarmos estudando sob a égide neotestamentária:

διαμερισμος -diamerismos; n. m. divisão, desunião, dissensão

χρισμα - chrisma; n. n. qualquer coisa untada, ungüento, geralmente preparado pelos hebreus com ervas aromaticas e óleo. Unção era a cerimônia inaugural para os sacerdotes.

משחה - mishchah ou משחה moshchah; n. f. porção consagrada, óleo da unção, porção, ungüento, porção para unção -  óleo (usado para consagrar por unção), porção para unção.

שניר - Sh^eniyr ou שניר S^eniyr-  significando ser pontudo; n. pr. montanha Senir = “montanha de neve”; o nome amorreu para o monte Hermom

שיאן - Siy’on; n. pr. monte Sião = “imponente”; outro nome para o monte Hermom.

“O país inteiro é retratado com um rosto sacerdotal: do Hermon a Sião, da cabeça ao corpo. E para voltar à equação dos versos 2 e 3, a terra é ungida com o orvalho assim como Aarão é ungido com o óleo da consagração. O país não é somente unido, é também abençoado. O ponto focal da santidade e bênção é Sião, porque lá o Senhor ordenou a sua bênção para sempre.” Citação: Berlin, "On the Interpretation of Psalm 133," 145. Salmo 133; Interpretando o Texto Numa Perspectiva Bíblico-Teológica, Mauro Fernando Meister, ministro presbiteriano, mestre em Teologia Exegética do Antigo Testamento pelo Covenant Theological Seminary, nos Estados Unidos, e doutor em Línguas Semíticas (hebraico) pela Universidade de Stellenbosch, África do Sul.

O contrário de União é Divisão:

Significado de Divisão: s.f. Ação ou resultado de dividir; separação. Ação de repartir, distribuir, partilhar; repartição, distribuição, partilha. Cada uma das partes distintas em que se divide um todo. Falta de acordo; discórdia, dissensão.

... ,Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela; Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular. Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos,... 1 Coríntios 12:12-14;24-27

1-Foi, porém, grande o clamor do povo e de suas mulheres, contra os judeus, seus irmãos.

6- Ouvindo eu, pois, o seu clamor, e estas palavras, muito me indignei.

7- E considerei comigo mesmo no meu coração; depois pelejei com os nobres e com os magistrados, e disse-lhes: Sois usurários cada um para com seu irmão. E convoquei contra eles uma grande assembléia.

8- E disse-lhes: Nós resgatamos os judeus, nossos irmãos, que foram vendidos às nações, segundo nossas posses; e vós outra vez venderíeis a vossos irmãos, ou vender-se-iam a nós? Então se calaram, e não acharam que responder.

O momento histórico mostra que, mesmo entre os judeus, repatriados, havia uma desunião que levava os mais ricos, explorarem a situação daqueles que, tinham voltado e não dispunham de bens, entre eles, os que ficaram na cidade, após a invasão. Muitos também, encontraram suas terras totalmente devastadas e sem meios para semear a entregavam aos que, dispunham de recursos para comprar, no sistema legal, diga-se, instituído pela Lei. E que deveriam ser restituídas, no Ano do Jubileu.

“Porém os pobres dentre o povo, que não tinham nada, Nebuzaradã, capitão da guarda, deixou na terra de Judá; e deu-lhes vinhas e campos naquele dia.” Jeremias 39:10

Numa visão de união, não se importando com o local, ou situação que estavam passando, Jeremias, O Profeta, os incentiva a união, com visão do futuro resgate.

“Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os do cativeiro, os quais fiz transportar de Jerusalém para babilônia: Edificai casas e habitai-as; e plantai jardins, e comei o seu fruto. Tomai mulheres e gerai filhos e filhas, e tomai mulheres para vossos filhos, e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas; e multiplicai-vos ali, e não vos diminuais. E procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.” Jeremias 29:4-7

Warren, em seu comentário Histórico do A.T. comenta a situação de alguns judeus, que alcançaram riqueza na Babilônia, seguindo orientação do Profeta Jeremias (  ): “7.337 servos e servas acompanharam esse grupo, o que demonstra uma atitude louvável dos seus senhores judeus, pois esses servos (escravos?) poderiam ter sido vendidos na Babilônia e permanecido lá. Ao que parece, preferiram ficar com os judeus. A grande quantidade de servos (um sexto do total) também indica que alguns dos judeus haviam enriquecido na Babilônia.”

No livro mosaico do Senhor, Levítico Deus instituiu o resgate e o direito do pobre, ou do que passava por momentânea dificuldade financeira, e a terra era um importante legado, instituído às famílias, na posse da Terra, quando vieram do cativeiro, sendo distribuída as famílias, por ramos de descendência dos 12 patriarcas jacobinos.

“Quando teu irmão empobrecer e vender alguma parte da sua possessão, então virá o seu resgatador, seu parente, e resgatará o que vendeu seu irmão. E se alguém não tiver resgatador, porém conseguir o suficiente para o seu resgate, Então contará os anos desde a sua venda, e o que ficar restituirá ao homem a quem a vendeu, e tornará à sua possessão. Mas se não conseguir o suficiente para restituir-lha, então a que foi vendida ficará na mão do comprador até ao ano do jubileu; porém no ano do jubileu sairá, e ele tornará à sua possessão.” Levítico 25:25-28

Neemias, o Tirsata, se comoveu com esta falta de união, que impedia o avanço de todos, com concentração de riqueza alheia em mãos de poucos, levando os pobres a gemer.

“..., ano de jubileu vos será, e tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família. O ano qüinquagésimo vos será jubileu; não semeareis nem colhereis o que nele nascer de si mesmo, nem nele vindimareis as uvas das separações, Porque jubileu é, santo será para vós; a novidade do campo comereis. Neste ano do jubileu tornareis cada um à sua possessão. E quando venderdes alguma coisa ao vosso próximo, ou a comprardes da mão do vosso próximo, ninguém engane a seu irmão; Conforme ao número dos anos, desde o jubileu, comprarás ao teu próximo; e conforme o número dos anos das colheitas, ele a venderá a ti.” Levítico 25:10-15

“Então contará os anos desde a sua venda, e o que ficar restituirá ao homem a quem a vendeu, e tornará à sua possessão. Mas se não conseguir o suficiente para restituir-lha, então a que foi vendida ficará na mão do comprador até ao ano do jubileu; porém no ano do jubileu sairá, e ele tornará à sua possessão. E, quando alguém vender uma casa de moradia em cidade murada, então poderá resgatá-la até que se cumpra o ano da sua venda; durante um ano inteiro será lícito o seu resgate.” Levítico 25:27-29

O Corporativismo Eclesiástico e Financeiro.

É uma das causas da desunião, na Igreja!

E traz desanimo:

“Assim, edificamos o muro [...] porque o povo tinha ânimo para trabalhar" Neemias 4:6.

A autoridade de Neemias era derivada de ter sido nomeado "Tirsata" um termo persa normalmente traduzido por "governador". Neemias recebeu esse mesmo título (Ne 7:65, 70; 8:9; 10:1). Significa "aquele que é temido" e equivale a nossos pronomes de tratamento "Vossa Excelência" ou "Vossa Reverência". Neemias tinha certeza que, a desunião não era boa, pois ela tinha conseguido realizar a obra de reconstrução, em Jerusalém, em 52 dias (os muros foram reconstruídos, as portas foram restauradas e todo o povo estava se regozijando!), com a UNIÃO de todas as famílias, sem exploração da massa pobre!

“E o que se preparava para cada dia era um boi e seis ovelhas escolhidas; também aves se me preparavam e, de dez em dez dias, muito vinho de todas as espécies; e nem por isso exigi o pão do governador, porquanto a servidão deste povo era grande.” Neemias 5:18

Ele havia dado exemplo, ao servir de sua própria mesa a todos envolvidos na Obra.

“Muita gente tem uma ideia equivocada a respeito da igreja. Essas pessoas acreditam que a igreja é um lugar de descanso [...] um lugar para assentar-se num banco bem confortável, contribuir com trabalhos de caridade, ouvir o pastor e fazer sua parte para que a igreja não vá à falência - é tudo o que querem. A ideia de trabalho - trabalho de verdade na igreja - nem lhes passa pela cabeça". D.L.Moody

“Muitas vezes, na igreja local, os novos membros têm dificuldade de se "encaixar no sistema", pois os membros mais antigos têm medo de novas ideias que tragam mudanças. Uma vez que a maioria da liderança é composta de pessoas que cresceram dentro do sistema, os ministérios paraeclesiásticos devem estar atentos a uma atitude de "corporativismo seletivo".

Ao nos familiarizarmos com as diversas pessoas e situações citadas em Neemias logo pensamos: "Mas isso é igual à igreja de hoje!" As circunstâncias mudam, mas a natureza humana é a mesma.

Neemias estava experimentando uma coisa, que ainda hoje notamos, no meio da Igreja, um certo ar ou pensamento de posse, como se a Igreja tivesse donos, por antiguidade criando um sentimento de posse, que mostra uma falsa união, Em 1 Coríntios 12 e 14 (q.v. acima), Paulo compara os cristãos individuais com os membros do corpo humano: cada membro é importante e cada um tem uma função específica....

“Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.” 1 Coríntios 3:5-8

..., estabelecida entre os mais antigos, os maiores dizimistas, os mais cultos, ou mais “trabalhadores”. Esta falsa União, leva a estagnação do Corpo – Igreja – com desafio para a liderança, como Neemias identificar que, esta situação impede o crescimento exponencial, e sendo uma espécie de crescimento apenas, interno, com multiplicação interna daqueles grupos, que se consideram únicos responsáveis pelo crescimento da Igreja e se esquecem que quem dá o crescimento é Deus – um plantou, mas Deus é quem dá o crescimento – cerne da União, esquecendo-se que tudo que é feito o é: para a Glória de Deus!

É importante ler o texto que é concordante com a situação de desunião, entre o povo, no próprio Capítulo 5 de Neemias:

“Porque havia quem dizia: Nós, nossos filhos e nossas filhas, somos muitos; então tomemos trigo, para que comamos e vivamos. Também havia quem dizia: As nossas terras, as nossas vinhas e as nossas casas empenhamos, para tomarmos trigo nesta fome. Também havia quem dizia: Tomamos emprestado dinheiro até para o tributo do rei, sobre as nossas terras e as nossas vinhas. Agora, pois, a nossa carne é como a carne de nossos irmãos, e nossos filhos como seus filhos; e eis que sujeitamos nossos filhos e nossas filhas para serem servos; e até algumas de nossas filhas são tão sujeitas, que já não estão no poder de nossas mãos; e outros têm as nossas terras e as nossas vinhas.”  Neemias 5:2-5

Aqui, o termo “servos”, não se tratava dos servos que tinham vindo submissos desde a babilônia (vide texto, acima), entre os judeus que os adquiriram, no exílio de Judá na Babilônia, que haviam de certa forma, entendido a profecia do profeta Jeremias e geraram riqueza, lá na Babilônia, mas chegando a Terra foram tomados de um sentimento de usura, e mesmo com a permissão da Lei levítica tinham tomado, os filhos de seus irmãos judeus como servos e agora não os liberavam, criando um clima que, de tal forma, era importante o Livro de Neemias transcreve, acima, no Capítulo 5. Um verdadeiro protesto se levantou no meio de Judá, bem no meio de uma "grande obra" (4:19), levantou-se e foi ouvido, entre os judeus, um "grande clamor" (5:1). Agora, não estavam clamando contra samaritanos, amonitas ou árabes, mas contra seu próprio povo! Judeus estavam explorando seus compatriotas, e a situação econômica havia se tornado tão desesperadora que até mesmo as esposas (que costumavam manter-se caladas) participavam dos protestos.

A narrativa do capítulo 5 mostra que, quando o inimigo externo é vencido, com estratégia, Satanás usa outras armadilhas, desta vez internas para causar a “desUnião”, entre o povo. Uma arma que se disfarça pela forma como é conduzida, aparentemente, como “ajuda”, aos menores, mas na realidade é uma forma de reter poder e causar a sensação de desigualdade dentre o povo, no caso a Igreja!

Destacamos que, neste momento histórico, que estamos estudando havia quatro (4) grupos entre os judeus.

1-Foi, porém, grande o clamor do povo e de suas mulheres, contra os judeus, seus irmãos.

6- Ouvindo eu, pois, o seu clamor, e estas palavras, muito me indignei.

Primeiro: havia aqueles que não possuíam terras, mas que precisavam de comida (v. 2). Com o aumento da população e a redução durante o exílio de terras produtivas (que são escassa, até hoje, na região), parte do povo passava fome.

Esta situação, no meio de uma população com a econômica sustentada, pelo agro-pastoril, criava um momento econômico, para alta de preços e domínio do mercado pelos que detinham estes bens e terras agricultáveis. Uma combinação de endividamento e de inflação é suficiente para descapitalizar qualquer um em pouco tempo, mesmo os que trouxeram alguma economia da Babilônia. A fim de obter um empréstimo, precisavam oferecer alguma garantia, o que significava que, mais cedo ou mais tarde, acabavam perdendo seus bens.

Segundo: O segundo grupo era constituído de proprietários de terras que haviam hipotecado suas propriedades a fim de comprar alimentos. (v. 3).

Terceiro: O terceiro grupo se queixava de que os impostos eram muito altos e de que eram obrigados a fazer empréstimos para pagá-los. (v. 4). Assim, os que tinham mais, se apossavam dos bens, dos que faziam empréstimo, usando para isto, até mesmo o ato de colocar seus filhos e filhas, como servos, para garantia destes valores emprestados. Era um fato comum em Israel, vide:

“E uma mulher, das mulheres dos filhos dos profetas, clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao SENHOR; e veio o credor, para levar os meus dois filhos para serem servos.” 2 Reis 4:1

Os impostos, em Judá eram na realidade arrecadação para o Rei dominador, e iam para Pérsia, pois Judá era um reino vassalo: “Todos os anos, o rei da Pérsia arrecadava uma verdadeira fortuna em tributos, sendo que apenas uma parte muito pequena desse dinheiro chegava a beneficiar as províncias. Ao contrário do que ocorre hoje em dia, os impostos não eram usados na prestação de serviços para o povo, mas sim para sustentar o rei.”

Quarto: O quarto grupo era constituído de judeus ricos que exploravam os próprios irmãos e irmãs, oferecendo-lhes empréstimos e tomando deles suas terras e seus filhos como garantia (Levítico 25:39, 40). Os pais das crianças judias tinham de escolher entre a fome e a servidão.

“A teu irmão não emprestarás com juros, nem dinheiro, nem comida, nem qualquer coisa que se empreste com juros... para que o Senhor teu Deus te abençoe em tudo que puseres a tua mão, na terra a qual vais a possuir.” Deuteronômio 23:19,20

“Quando emprestares alguma coisa ao teu próximo, não entrarás em sua casa, para lhe tirar o penhor. Fora ficarás; e o homem, a quem emprestaste, te trará fora o penhor. Porém, se for homem pobre, não te deitarás com o seu penhor. Em se pondo o sol, sem falta lhe restituirás o penhor; para que durma na sua roupa, e te abençoe; e isto te será justiça diante do Senhor teu Deus. Não oprimirás o diarista pobre e necessitado de teus irmãos” Deuteronômio 24:10-14

É bom deixar claro, como dissemos, acima, que a Lei permitia que os judeus emprestassem dinheiro uns aos outros, ou comprassem, ou adquirissem os direitos de propriedades, (vide acima) mas não deveriam cobrar juros como faziam os agiotas (Dt 23:19, 20). Antes, deveriam tratar uns aos outros com amor até mesmo ao tomar algo como garantia (Dt 24:10-13; Êx 22:25-27) ou ao tornar um de seus compatriotas um servo (Lv 25:35-46). Tanto o povo quanto a terra pertenciam ao Senhor, e ele não permitiria que qualquer um dos dois fosse usado por outros em benefício próprio.

União, Não Combina Com Usura e Desobediência a Lei de Deus:

União significa sentir empatia pela situação do outro, ter tudo em comum (Atos 2.42).

“Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.” Salmos 133:1

Warren W . Wiersbe – Neemias Pag.639-640 – editado e compilado: Um dos propósitos do "Ano de Jubileu" (Levítico 25) era equilibrar o sistema econômico de Israel a fim de que os ricos não pudessem ficar ainda mais abastados e os pobres não ficassem ainda mais destituídos. No qüinquagésimo ano, todas as dívidas tinham de ser perdoadas, todas as terras deveriam ser restituídas a seus proprietários originais e todos os servos deveriam ser libertados. O gemido que chegou a Neemias era derivado da usura desses negociantes ricos que, exploravam os pobres a fim de aumentar ainda mais a própria riqueza. Usavam seu poder para roubar de alguns e escravizar a outros. Foi esta situação que causou ira, ou aborrecimento a um homem justo e que fora defensor da União de todos, em um só propósito.

Neemias 5.7 E considerei comigo mesmo no meu coração; depois pelejei com os nobres e com os magistrados, e disse-lhes: Sois usurários cada um para com seu irmão. E convoquei contra eles uma grande assembleia.

9.Disse mais: Não é bom o que fazeis; porventura não andaríeis no temor do nosso Deus, por causa do opróbrio das nações, os nossos inimigos?

10.Também eu, meus irmãos e meus servos, a juros lhes temos emprestado dinheiro e trigo. Deixemos este ganho.

Para se obter União, devemos considerar que devemos e podemos ter perdas, pois com a União a Benção desce, sobre todos e em abundância.

Oração e Decisão:

A oração "Depois de ter considerado comigo mesmo" significa, literalmente, "Meu coração considerou dentro de mim". Segundo Warren W . Wiersbe diz, um  seu amigo chama isso de "deliberação de mim para comigo mesmo", consideração e arrazoamento interno, do coração do justo, tocado pelo Espírito Santo que o impulsiono/escolheu para ser um líder. O que Neemias fez foi uma deliberação entre sua mente e seu coração ao ponderar sobre o problema e buscar a orientação de Deus. Controlou seus sentimentos e pensamentos de modo a ser capaz de oferecer a seu povo uma liderança construtiva.

“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.” Mateus 18:15-17

A convocação de uma assembleia foi a forma, alcançada pela oração (consideração) de decidir a questão e esta reunião é o que falta muitas vezes, quando são tomadas decisões sem se ouvir os necessitados, é necessário dar oportunidade, par uma vez confrontados e publicamente aqueles que usaram de usura. Confrontar publicamente as pessoas cujo egoísmo havia criado essa situação difícil e dolorosa. Tratava-se de um pecado muito grave e de caráter público, envolvendo a nação como um todo. Exigia, portanto, repreensão e arrependimento públicos.

“Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer.” 1 Coríntios 1:10

A solução na Graça, é a mesma, em assembleia santa, os que agem mal devem ser repreendidos na presença de todos. Isto eleva o nível de temor ao Senhor e cria um ambiente de igualdade, e união no seio da Igreja, ainda que pareça em nosso dias, algo difícil.

“Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor.” 1 Timóteo 5:20

Mas, Neemias sabiamente, se deteve em fazer nesta assembleia apelos aos corações, de forma que nos dá orientação de como agir, para manutenção da União, entre os dois lados, os que reclamavam seus direitos e os que exploravam as fraquezas financeiras dos meos favorecidos.

Primeiro apelo:

Ao Amor – o amor tudo suporta, não cobiça.

Salmos 133.1 “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!”

Segundo igualou e lembrou que todos eram irmãos. usando o termo IRMÃOS,  por quatro vezes, neste discurso.

“Não haja desavença entre mim e você", disse Abraão a Ló, "afinal, somos irmãos" (Gênesis 13:8, NVI).

Usualmente entre os hebreus, o fato de todos serem filhos de Abraão os fazia e ainda faz, serem chamados irmãos.

Da mesma forma, Jesus usou este paradigma para que todos os que tem a é de Abraão, segundo escreveu Paulo, são da mesma família a Família dos que tem fé e são portanto irmãos.

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo.” Romanos 8:14-17

“Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.” Gálatas 3:7-9

“Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós,” Romanos 4:16

Neemias 5:

E considerei comigo mesmo no meu coração; depois pelejei com os nobres e com os magistrados, e disse-lhes: Sois usurários cada um para com seu irmão. E convoquei contra eles uma grande assembleia, não foi apenas uma "conferência sobre questões econômicas-financeiras", mas também um culto de adoração (os sacerdotes foram chamados vs.10) no qual Neemias havia elevado ao máximo um problema financeiro.

E disse-lhes: Nós resgatamos os judeus, nossos irmãos, que foram vendidos às nações, segundo nossas posses; e vós outra vez venderíeis a vossos irmãos, ou vender-se-iam a nós? Então se calaram, e não acharam que responder.

Também eu, meus irmãos e meus servos, a juros lhes temos emprestado dinheiro e trigo. Deixemos este ganho.

[Quando os judeus foram para o cativeiro da Babilônia, eram um povo agrícola, mas alguns deles se tornaram comerciantes e aprenderam a usar o dinheiro para ganhar mais dinheiro. Por certo, não existe nada de errado em emprestar dinheiro (Mt 25:27), desde que não se vá contra a Palavra de Deus e que não se explore os desamparados.] Comentário Wener W. pag.640

Segundo apelo:

Repreendeu-os lembrando que todos foram resgatados, os menos favorecidos, bem como, os mais ricos, da Babilônia. É o que a Igreja precisa se lembrar, todos fomos resgatados pelo mesmo preço – O Precioso sangue de Jesus Cristo! Ninguém pode se sentir mais crente do que o outro.

Neemias usou do ato (assembleia – termo usado para uma reunião de cidadãos para resolver um assunto de interesse da comunidade)

"Aventura-se algum de vós, tendo questão contra outro, a submetê-lo a juízo perante os injustos e não perante os santos? [...] Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos!" (1 Coríntios 6:1, 6). Antes de que o caso fosse levado para ser resolvido na capital ou pelos representantes da Pérsia. O que demonstraria que havia uma Desunião entre o povo judeu.

Terceiro apelo:

“..., nossos irmãos, que foram vendidos às nações, ...; e vós outra vez venderíeis a vossos irmãos, ou vender-se-iam a nós, ...” Neemias 5:8

A redenção ou remissão, referindo-se a libertação passada que todos alcançaram de Jeová. Remete a nosso tempo, a redenção e remissão de pecados em Jesus Cristo, quem nos Salva.

Sendo todos irmãos, estariam vendendo a seus próprios irmãos a si, mesmos, como as nações haviam feito.

Quarto apelo:

O apelo sobre, o que falariam os povos, vizinhos, Judá – Israel era para ser paradigma de um povo unido, ao redor de um Deus Único e Verdadeiro e isto seria uma proclamação diante de todos os povos, "luz para os gentios" (Isaías 42:6; 49:6)

“Não é bom o que fazeis; porventura não andaríeis no temor do nosso Deus, por causa do opróbrio das nações, os nossos inimigos?” Neemias 5:9

Quinto apelo:

Abrir mão, ao que tinha direito, pois a Lei permitia fazer empréstimos, entre os judeus, segundo as regras levíticas. Usou a si mesmo como exemplo. União se promove quando o líder é um homem, que ouve todos e promove União!

Quem quer promover União, precisa abrir mão, de “direitos”.

Emprestava dinheiro aos necessitados, mas não cobrava juros nem os privava daquilo que haviam deixado como garantia (Êxodo 22:25).

“Fala-se muito na igreja contemporânea a respeito de unidade, e não há como negar diante da interpretação deste salmo que a bênção de Deus vem sobre seu povo unido. Entretanto, é importante reconhecermos que, assim como a unidade de Israel se dava, em vários níveis (social, cultural e espiritual) debaixo de princípios claros da Escritura, a igreja do Senhor deve buscar esta unidade sob princípios semelhantes, que reflitam a verdade da Escritura e seus princípios básicos de autoridade.” Pastor e Doutor Mauro Meister

“A forma correta de reformar a vida dos homens é convencer de pecado suas consciências. Se você andar em temor de Deus não será cobiçoso de ganho mundano, nem será cruel com seus irmãos. Nada expõe a religião à repreensão mais que a mundanalidade e dureza de coração dos que a professam. Os que insistem rigorosamente em seus direitos tratam, com muita pouca graça, de convencer os outros de que cedam nos seus. Quando se arrazoa com gente egoísta é bom comparar sua conduta com a dos que são generosos, mas é ainda melhor apontar o exemplo d’Aquele que se fez pobre por nós sendo rico, para que nós, por sua pobreza, fossemos enriquecidos (2 Co 8.9). Eles fizeram conforme com a promessa. As boas promessas são coisas boas, mas são melhores as boas obras.” Comentário Bíblico Do Antigo Testamento, Vol 1, Gênesis a Neemias, Matthew Henry

Sexto apelo: o apóstolo Paulo nos ensina no capítulo 1 da 1ª epístola Coríntios a não sermos julgados pelo mundo, mas examinarmos a nós mesmo, seja pessoal ou coletivamente, como Igreja uma.

Lembro-os do temor ao Senhor:

“..., porventura não andaríeis no temor do nosso Deus, ...” Neemias 5:9

Efeito:

Os apelos de Neemias atingiram os corações de todos de tal forma, que houve arrependimento!

Arrependimento traz de volta a União!

Restituição, traz de volta a União!

“Então disseram: Restituir-lhes-emos, e nada procuraremos deles; faremos assim como dizes. Então chamei os sacerdotes, e os fiz jurar que fariam conforme a esta palavra. Também sacudi as minhas vestes, e disse: Assim sacuda Deus todo o homem da sua casa e do seu trabalho que não confirmar esta palavra, e assim seja sacudido e vazio. E toda a congregação disse: Amém! E louvaram ao Senhor; e o povo fez conforme a esta palavra, ...

Neemias tinha exemplo a dar: ..., Também desde o dia em que me mandou que eu fosse seu governador na terra de Judá, desde o ano vinte, até ao ano trinta e dois do rei Artaxerxes, doze anos, nem eu nem meus irmãos comemos o pão do governador. Mas os primeiros governadores, que foram antes de mim, oprimiram o povo, e tomaram-lhe pão e vinho e, além disso, quarenta siclos de prata, como também os seus servos dominavam sobre o povo; porém eu assim não fiz, por causa do temor de Deus. Neemias 5:12-15

União de volta e Neemias, junto com todos também fez o gesto simbólico de sacudir suas vestes para se colocar igual a todo o povo. A Volta da União depende de quem promove, como ministro de Deus, pois Deus sempre quer a União de Seu Povo.

Salmos 133.1-3

União traz Benção e Vida.

Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.

É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes.

Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.

Vivamos a União e combatamos a Desunião!

Usufruamos das bençãos da União!

Bibliografia:

Comentário Bíblico Expositivo, Antigo Testamento, Volume II — Histórico, Warren W . Wiersbe

Dicionário Strong

Apontamentos do autor

Citações no corpo do texto

Lição CPAD – 3º trimestre 2020

Citações no Corpo do Texto