A sangrenta história das
traduções da Bíblia
Hoje temos inúmeras versões da
Bíblia, mas a História das suas traduções contém uma historia de sangue e ódio,
com danos aos tradutores.
Muitos que leem a Bíblia nem de
longe sabem ou imaginam que antes da inúmeras versões que hoje se dispõem os
leitores das Escrituras sagradas são fruto de várias traduções ao longo dos
séculos.
Desde a Septuaginta, as versões do conteúdo da Tanah judaica até as versões e traduções há uma grande e desconhecida História sobre os tradutores das Escrituras.
É o que propomos com esta série de estudos. Ao longo destes estudos alinharemos muito da Bibliologia.
Tanakh.
Tanak: É um acrônimo utilizado dentro do judaísmo para denominar seu
conjunto principal de livros sagrados, sendo o mais próximo do que se pode
chamar de uma Bíblia judaica. O conteúdo do Tanakh é equivalente ao Antigo
Testamento cristão, porém com outra divisão. Tn"k
é o acrônimo formado a partir das três primeiras letras das divisões
tradicionais do texto massorético: Torá, Nevi'im e Ketuvim (Instrução,
Profetas e Escritos) — que resulta em TaNaK.
Embora um certo livro da Bíblia
conte a história de um povo específico, como é o caso do Torá, que conta a
história de Moisés e a libertação do povo israelita, a Tanah também irá contar
a história de um povo específico.
Moisés escreveu a Torá. A Torá,
por sua vez, contempla os cinco primeiros livros da Bíblia.
A tradução Wycliffe
John Wycliffe
John Wycliffe (1330-1384) foi um
dos principais pensadores ingleses do século 14.
Teólogo e professor da
Universidade de Oxford. Foi assessor do Parlamento Inglês
em suas negociações com Roma.
Pároco em Lutterworth, no condado
de Yorkshire, na Inglaterra, e funcionário do rei inglês, tendo enorme
influência sobre este, principalmente quando o assunto era a mediação com o
clero.
Antecessor de Huss Lutero.
Uma das vertentes das críticas de
Wycliffe foi a defesa da “autoridade suprema” das Escrituras e da não
interferência da opinião papal sobre elas e sobre a tradição cristã.
Descreveu o papa como "o
anticristo, o sacerdote mundano de Roma e o mais amaldiçoado dos batedores de
carteira".
Por esta visão uma das últimas
ações de Wycliffe foi tentar traduzir a Bíblia para o inglês.
Um de seus principais tratados
foi o De veritate Sacrae Scripturae (Da veracidade nas Sagradas Escrituras),
publicado em 1378.
Para Wycliffe, ao contrário do
papa, as escrituras eram infalíveis. Essa tese influenciou tanto o luteranismo
quanto o calvinismo e suas ramificações.
Em 1377, o bispo de Londres
exigiu que Wycliffe aparecesse perante sua corte para explicar as "coisas
surpreendentes que brotaram de sua boca".
Julgamento do tradutor:
Wycliffe foi acusado de heresia e
colocado em prisão domiciliar. Mais tarde, acabou forçado a deixar seu posto
como professor do Balliol College, em Oxford.
O julgamento de Wycliffe na
Catedral de São Paulo, em Londres, ocorreu em 3 de fevereiro de 1377.
A audiência foi uma farsa do
começo ao fim.
Tudo começou com uma briga
violenta sobre se Wycliffe deveria sentar-se ou não. Juan de Gaunt, filho do
rei e aliado de Wycliffe, reiterou que os acusados permanecessem sentados; já o
bispo exigiu que ele se levantasse.
Quando o Papa ouviu falar sobre o
fiasco do julgamento, emitiu uma bula [carta ou documento oficial papal] em que
acusou Wycliffe de "vomitar do calabouço sujo de seu coração as mais
perversas e condenáveis heresias".
Wycliffe foi acusado de heresia e
colocado em prisão domiciliar. Mais tarde, acabou forçado a deixar seu posto
como professor do Balliol College, em Oxford.
Direito universal da leitura da
Bíblia.
Emancipando os pobres.
Assim como, Lutero defendeu a
leitura, por todos, das Escrituras, Wycliffe também pensara sobre o direito e
emancipação dos pobres e indoutos lerem a Bíblia sem a tutela impeditiva da
Igreja.
Aliás, a antiga Escritura
Veterotestamentária foi utilizada para alfabetização e ensino do povo.
A formatação do ensino se deve a
teólogos e reformadores cristãos, como o foi o pai da Pedagogia Moderna
Comenius - devotado seguidor de Jan Huss – de quem falaremos logo, sobre
este mesmo tema – tradução da Bíblia (Teólogo e Educador Jan Amos Komenský -
Defendia, o acesso das crianças pobres e das mulheres à escola, algo que
não ocorria até então. Além disso, acreditava que os textos escritos utilizados
em sala de aula deveriam seguir a língua nativa dos alunos, em vez de latim.)
Ele firmemente que a Bíblia
deveria estar disponível para todos. Via a alfabetização como a chave para a
emancipação dos pobres.
Assim lançando mão das Escrituras
iniciou a tradução para a sua língua, o Inglês.
Naquela época, embora partes da
Bíblia já tivessem sido traduzidas para o inglês, ainda não havia uma tradução
completa das Escrituras Sagradas.
As pessoas comuns, que nem
falavam latim e nem podiam ler, só podiam aprender com o clero. E muito do que
eles achavam que sabiam, ideias como o fogo do inferno e o purgatório, não
faziam parte das Escrituras.
Assim, com a ajuda de seus
assistentes, Wycliffe produziu uma Bíblia em inglês, durante 13 anos, começando
em 1382.
Não viu a sua obra ser condenada.
Um morto que incomodava.
Em 1391, antes que a tradução da
Bíblia fosse concluída, um projeto de lei foi apresentado ao Parlamento para
proibir a Bíblia em inglês e prender qualquer pessoa que possuísse uma cópia do
livro sagrado.
O projeto de lei não foi aprovado
– John de Gaunt cuidou disso no Parlamento -, mas a igreja retomou sua
perseguição contra Wycliffe.
“aquele canalha pestilento, de
memória condenável, sim, o precursor e discípulo do Anticristo que, além de sua
maldade, inventou uma nova tradução das Escrituras em sua língua materna”. Arcebispo
de Canterbury da época.
Mas Wycliffe havia morrido 7 anos
antes, em 1384.
Ossos queimados e atirados em
rio.
A ira contra Wycliffe era tal que
o melhor que podiam fazer era queimar os ossos, o que ocorreu em 1427, 40 anos
depois, de modo que seu túmulo não fosse reverenciado.
Em 1427, o papa Martinho 5º
ordenou que os ossos de John Wycliffe fossem exumados de seu túmulo, queimados
e jogados em um rio.
Arcebispos do período:
1375 a 1381 Simon Sudbury
1381 1 1396 William Coyrtney
1396 a
1397 – 1399 a 1414 Thomas Arundel – Lord Chancellor; acusado de alta traição
sob Ricardo II, fugiu, mas foi restaurado mais tarde.
1397 a 1399 – Roger Walden
- 1414 a 1443 Henry Chichele (Henry Chicheley; Henry
Checheley)
Fonte:
John Wycliffe, precursor da
Reforma – Mndo Educação - UOL
Apontamentos do autor
Comênius: Origem Genética,
Cultural, Religiosa E Acadêmica - Uma Visão Histórico-Teológica De Jan Amos
Komenský: Pai Da Didática Moderna, Segundo A Ética Protestante Da Instrução,
Virtude E Piedade - Sueli Biasetti
https://www.bbc.com/portuguese/geral-48403194
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